Resumo
As más oclusões de Classe II constituem mais da metade dos problemas ortodônticos encontrados na população mundial (MOYERS et al., 1980; MCNAMARA, 1981) e o retrognatismo mandibular é a alteração mais prevalente nos indivíduos portadores desta má oclusão, definindo assim uma alteração de Classe II esquelética (MCNAMARA, 1981).
Várias são as formas de tratamento para esta má oclusão e um dos critérios de escolha para a conduta terapêutica é a idade do paciente. O tratamento da Classe II esquelética, na idade precoce, apresenta várias abordagens, entre elas, o tratamento ortopédico, pelo qual são trabalhadas as bases ósseas, buscando-se alterar a direção de crescimento para correção da má oclusão (BILBO et al., 2018).
A ortodontia compensatória, com extração de pré-molares superiores, é uma abordagem encontrada na literatura para o tratamento das más oclusões de Classe II em pacientes adultos, apresentando limitações especialmente quando os incisivos mandibulares já se encontram vestibularizados. Além disso, quando comparada à cirurgia ortognática, pode estar relacionada ao aumento do ângulo nasolabial e a um resultado esquelético limitado, com consequente efeito estético indesejado (KINZINGER; FRYE; DIEDRICH, 2009).
O tratamento “padrão ouro” da Classe II esquelética, em pacientes adultos, consiste no preparo ortodôntico associado à cirurgia ortognática, muitas vezes envolvendo extrações de pré-molares inferiores com o objetivo de melhor posicionamento dos incisivos nas bases ósseas (ALTAY BURGAZ et al., 2018).
Muitos autores relatam a possibilidade de se realizar movimentos ortodônticos complexos com o auxílio da ancoragem esquelética, como a distalização dos dentes no arco inferior (JENNER; FITZPATRICK, 1985; SUGAWARA et al., 2005; SUGAWARA et al., 2014; SILVA et al., 2018) e alteração dos planos oclusais (UMEMORI et al., 1999; SHERWOOD et al., 2002; SUGAWARA et al., 2002; SUGAWARA et al., 2005; SUGAWARA et al., 2014; SILVA et al., 2018), mudando, desta forma, a conduta no preparo ortodôntico para cirurgia ortognática, evitando extrações de pré-molares e cirurgias de maxila.
O objetivo deste relato de caso foi apresentar o retratamento ortodôntico de um paciente adulto, Classe II esquelética, com retrognatismo mandibular, insatisfeito com o tratamento ortodôntico compensatório realizado. Para ampliar os movimentos ortodônticos no preparo para cirurgia ortognática (osteotomia de maxila, mandíbula e mento), foram utilizadas miniplacas como ancoragem esquelética.