Resumo
A alteração da estética de um sorriso abrange mais do que a realização de restaurações simples com homogeneidade de cores e morfologias pré-determinadas por proporções e conceitos numéricos estáticos. Muito além disso, deve o profissional em Dentística analisar as características individuais que o paciente possui, buscando determinar os seus anseios e necessidades, respeitando também as funções do aparelho estomatognático e a composição do sorriso com a face. Somente assim é que será identificada a melhor técnica a se utilizar, bem como quais materiais restauradores serão aplicados (BEIER et al., 2012).
A definição de um sorriso estético engloba a harmonia e a caracterização dos detalhes de forma subjetiva por meio da percepção daquilo que é sublime e belo (RESHAD et al., 2008). Contudo, apesar da subjetividade que impere no conceito, a indústria da estética em conjunto com a comunidade e a mídia contemporânea, estabelecem aqueles que serão considerados os padrões de beleza faciais e corporais, apresentando-se estes cada vez mais difíceis de serem alcançados em razão das exigências que comporta, visando à supervalorização do fenótipo (BRASIL et al., 2015). Em relação à beleza facial, o ideal proclamado é de um sorriso com dentes brancos, que possuam alinhamento no arco, sem desgastes e percepções de ocorrências, como alterações de forma e cor, traumatismo dentário prévio, anormalidades na estrutura da arcada e posição de dentes anteriores (BRASIL et al., 2015; SOUZA, 2014).
São vários os protocolos reabilitadores existentes com capacidade para serem oferecidos como opções de tratamentos. Alguns deles são considerados mais conservadores e outros mais invasivos (GRECO et al., 2009), estando, porém, a indicação do material e da técnica a serem utilizados relacionados diretamente com o fator causal da interferência estética (BRASIL et al., 2015). Dentre as opções mais indicadas para se realizar um preparo de faceta minimamente invasiva ou convencional, pode-se citar: necessidade de aumento no comprimento incisal, elementos dentários com resistência ao clareamento e presença de modificações morfológicas (tais como microdontia, diastemas ou dentes conoides) (FERNANDES et al., 2014).
Desde o início da década de 1980, o desenvolvimento das facetas minimamente invasivas vem surgindo como tema que gera bastante entusiasmo. Alguns autores têm feito uso do termo lentes de contato para a designação das facetas laminadas minimamente invasivas, especialmente em relação à espessura reduzida que a restauração possui. Entretanto, tem-se que o fator determinante se a restauração será convencional ou minimamente invasiva é a quantidade de desgaste e o protocolo de preparo (PINI et al., 2010).
Um dos motivos que engrandecem o conceito de reabilitação minimamente invasiva é a conservação de estrutura dental, tendo-se tornado um procedimento bastante popular, com nível de aceitação considerável. Além disso, esse tipo de reabilitação fornece tanto para o profissional dentista como para o paciente a oportunidade de aprimorar a beleza do sorriso sem que seja necessária a realização e grandes desgastes (FERNANDES et al., 2014).
Outro fator importante a se considerar para a adoção da técnica minimamente invasiva é o nível do preparo, que se restringe apenas ao esmalte dentário (RESHAD et al., 2008). Isso porque, além de ser mais conservador, o preparo em nível de esmalte causa adesão de melhor qualidade, tendo em vista que a resistência de união existente no substrato dentário é maior do que o localizado na dentina quando se faz uso do sistema adesivo convencional (ARRUDA et al., 2009).
Restaurações folheadas laminadas são indicadas por diferentes razões estéticas como um conceito de tratamento minimamente invasivo. Como essas restaurações não dependem de sua retenção macromecânica, a adesão da cerâmica à estrutura do dente deve ser ótima para resistir às forças de cisalhamento durante a função oral (GRESNIGT et al., 2019).
A junção esmalte-dentina intacta é o fator de estabilização predominante dos dentes. Caso contrário, isso resultará em maior flexibilidade, o que é desvantajoso quando combinado com cerâmicas quebradiças, levando a forças de tensão mais altas na interface e, consequentemente, aumentando o risco de fratura ou descolamento (BLUNCK et al., 2020).
Usando materiais e técnicas adesivas, uma força de ligação confiável pode ser obtida entre o laminado e o esmalte. Como resultado, as taxas de sobrevivência de laminados cerâmicos variam entre 82-96% após 10-21 anos (GRESNIGT et al., 2019).
Diante desse contexto, este relato tem como objetivo descrever a sequência clínica de uma reabilitação estética do sorriso, empregando laminados cerâmicos minimamente invasivos, desde o planejamento reverso até a reabilitação definitiva.