Resumo
O Trismo é uma complicação tardia, bem conhecida, que afeta de 28 a 56% dos pacientes no pós-tratamento de câncer de cabeça e pescoço. É caracterizado por redução na habilidade abertura bucal onde a distância inter-incisivos de 35 mm já é caracterizada como trismo (DIJKSTRA; HUISMAN; ROODENBURG, 2006). Para PAULI et al., 2013, esta complicação afeta diretamente muitos aspectos da vida diária do paciente estando relacionada a problemas como alimentação, dor, fala e manutenção de uma boa higiene bucal. Em relação a aspectos futuros, o trismo pode ter impacto negativo na qualidade de vida do paciente especialmente por afetar fatores relacionados a função e ao convÃvio social. Está bem estabelecido na literatura que o trismo, bem como outras alterações induzidas pela radioterapia, é uma alteração de natureza crônica, de desenvolvimento progressivo, causando fibrose tecidual e afetando a articulação temporo-mandibular, músculos mastigatórios e tecidos ao redor (PAULI et al., 2013).
A reabilitação de pacientes com câncer é iniciada, normalmente após a conclusão do tratamento ativo. Entretanto, dados recentes sugerem que estes pacientes podem se beneficiar de uma reabilitação precoce, iniciada antes do tratamento e seguida durante o mesmo, prevenindo-o de sintomas e efeitos tardios. A reabilitação precoce tem por objetivo preservar e promover ganho de capacidade funcional para que o paciente tenha melhor tolerância, facilidade de recuperação e também prevenir o desenvolvimento dos efeitos tardios severos (KAMSTRA, J.I. et al.,2017).
Segundo estudo realizado por GEBRE-MEDHIN, 2016 o trismo pós-tratamento é imprevisÃvel em sua frequência e severidade mas normalmente torna-se um problema importante ao longo da vida do paciente.
A literatura concorda em afirmar que os exercÃcios preventivos para o trismo são soberanos aos demais tratamentos e são fundamentais para o sucesso do mesmo. SCHERPENHUIEN et al., 2015, através de uma revisão sistemática, com o objetivo de avaliar o efeito dos exercÃcios na prevenção do trismo em pacientes tratados com radioterapia para câncer em cabeça e pescoço, encontraram evidência clÃnica de que os pacientes submetidos a exercÃcios terapêuticos com mobilização mandibular apresentam melhor performance e maior abertura bucal que os pacientes que não realizaram qualquer tipo de atividade preventiva.