Resumo
O queratocisto, anteriormente chamado de tumor odontogênico queratocístico classificado pela OMS em 2005, é uma lesão intraóssea de origem odontogênica, de crescimento lento e indolor, com potencial agressivo e comportamento infiltrativo baseando-se na presença de alterações genéticas e moleculares (NEVILLE et al., 2009; MOURA; CAVALCANTE; HESPANHOLS, 2016). Apresenta alta taxa de recidiva que varia de 22 a 60%, acometendo principalmente o corpo posterior e ramo ascendente da mandíbula, geralmente associado a dente incluso e com crescimento em direção anteroposterior sem causar expansão óssea e tumefação em face (CHILVARQUER et al., 2015). Segundo Neville et al. (2009), há discreta preferência por homens e acomete pessoas entre 10 e 40 anos. Segundo White e Pharoah (2015), o queratocisto apresenta uma imagem radiolúcida, podendo ser uni ou multilocular, cortical bem definida, com crescimento anteroposterior e margens festonadas em lesões extensas. Faz diagnóstico diferencial com ameloblastoma, cisto dentígero, cisto periodontal lateral, mixoma e cisto ósseo simples (WHITE; PHAROAH, 2015). Múltiplos tumores no mesmo paciente podem estar associados à síndrome de Gorlin-Goltz.
O exame anátomo-patológico é essencial para fechar o diagnóstico de queratocisto que histologicamente se apresenta com uma delgada parede fibrosa com revestimento epitelial escamoso estratificado; a camada basal epitelial é composta por uma camada em paliçada de células epiteliais colunares e hipercromáticas. Pequenas ilhas satélites de epitélio odontogênico podem ser observadas na cápsula fibrosa (NEVILLE et al., 2009).
A maioria dos queratocistos é tratada de forma semelhante aos demais cistos odontogênicos por meio de enucleação e curetagem. Porém, na literatura, existem relatos de tratamento com a descompressão, marsupialização, ressecção em bloco, enucleação associada à solução de Carnoy, crioterapia e ostectomia periférica (NEVILLE et al., 2009; BORAKS, 2011; CHILVARQUER et al., 2015; WHITE; PHAROAH, 2015; MOURA; CAVALCANTE; HESPANHOLS, 2016).