Resumo
O Brasil tem 11% da população sem nenhum dente, o que corresponde a um montante de 16 milhões de pessoas. Entre as mulheres, essa prevalência é de 13,3%, enquanto que entre os homens é de 8,4%; Nas pessoas com 60 anos ou mais, 41,5% já perderam todos os dentes. Tais números são provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, que visitou cerca de 80 mil domicílios, em 1.600 municípios de todo o País, no segundo semestre de 2013. A demanda por tratamentos que reabilitem completamente as arcadas dentárias, com consequente restabelecimento da função e estética, é enorme no País. Durante anos, a única opção de tratamento para esses pacientes eram as próteses totais removíveis. Tais próteses, puramente muco-suportadas, tinham resultados limitados quanto à retenção, além de causar uma gradual reabsorção óssea maxilar e mandibular. A queixa por parte do paciente, principalmente quanto à retenção das próteses inferiores é muito comum.
O surgimento dos implantes dentários representou uma alternativa de tratamento eficaz para esses pacientes, por meio de próteses totais fixas implantos-suportadas. Essa modalidade de tratamento, apresentada incialmente por Branemark na década de 60, foi denominada protocolo inferior e consolidou-se como uma alternativa segura ao longo dos anos.
Em 1980, Branemark publicou um estudo retrospectivo de 15 anos (1965-1980) de acompanhamento de próteses inferiores fixas, retidas por implantes. 371 pacientes, portadores de 2.768 implantes, foram avaliados. O índice de sobrevivência dos implantes mandibulares foi de 91% e das próteses fixas inferiores foi de 100%. No primeiro ano, a perda óssea média foi de 1,5 mm ao redor dos implantes, caindo para média de 0,1 mm nos anos subsequentes. Portanto, já em 1980, o tratamento mostrou-se eficaz e previsível.
Contudo, devido ao uso prolongado de próteses totais em alguns pacientes, os processos alveolares podem apresentar-se severamente reabsorvidos, o que limita o uso de implantes dentários. Em tais situações, faz-se necessário o uso de implantes curtos. A eficiência de tais implantes vem sendo colocada à prova em diversos estudos. Demiralp et al. (2015) publicaram um estudo que acompanhou 371 implantes curtos, durante 23 meses, e observou índices de sobrevivência próximos ao de implantes longos. Malmstrom (2015), comparou parâmetros periodontais, perda óssea marginal, e sobrevivência de implantes em 30 pacientes. Foram instalados implantes de 6mm , 8 mm e 11mm. O índice de sobrevivência dos implantes de 6mmm foi de 97% e, dos implantes de 8 e 11 mm, foi de 100%. Em relação aos demais parâmetros observados, também não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Em 2015, uma revisão sistemática com metanálise, obteve 13 artigos entre janeiro de 2000 e março de 2014, que preenchiam os critérios de inclusão no trabalho a respeito do sucesso de implantes curtos. Apenas a taxa cumulativa de sobrevivência dos implantes permitiu a metanálise, revelando efeito positivo, o que demonstrou que os implantes curtos parecem ser uma opção de tratamento bem sucedido. O caso clínico que será apresentado é um exemplo de tal situação, por tratar-se de uma mandíbula extremamente atrófica.