Resumo
A reabilitação com implantes osseointegrados tornou-se um tratamento rotineiro, confiável e com altos índices de sucesso. Todavia, a atrofia do rebordo alveolar causada pela perda dos elementos dentais por cárie, doença periodontal ou traumatismos leva a uma perda de volume ósseo que pode impossibilitar a instalação de implantes, além de alterar as relações intermaxilares (CHIAPASCO; CASENTINI; ZANIBONI, 2009). A reabsorção centrípeta da maxila e centrífuga da mandíbula frequentemente resulta na limitação do espaço necessário à instalação de implantes (PIETROKOVSKI, 2013).
É necessário que existam quantidades mínimas de tecido ósseo em altura e espessura para possibilitar a instalação de implantes em áreas edêntulas, e um número significativo de pacientes necessita de aumento ósseo para atingir estes requisitos. Segundo Chiapasco; Casentini e Zaniboni (2009) e Zétola e Pereira (2010), existem cinco metodologias básicas para reconstruções ósseas: (1) osseoindução, por meio do uso de fatores de crescimento apropriados, (2) osseocondução, quando um biomaterial serve de arcabouço para neoformação óssea, (3) distração osteogênica, quando uma fratura cirúrgica é induzida e os dois fragmentos são lentamente afastados, para que haja regeneração espontânea entre os fragmentos, (4) regeneração óssea guiada, quando uma barreira é utilizada para criar um espaço que será preenchido por tecido ósseo, e (5) enxerto ósseo vascularizado, quando um segmento ósseo é transportado para o local a ser preenchido com seu pedículo vascular, o que permite a sobrevivência do osso, sem processo de remodelação.
Por muito tempo, o enxerto ósseo autógeno tem sido considerado o padrão ouro por suas características osteoindutoras, osteogênicas e osteocondutoras, apesar de gerar maior morbidade. A maior parte dos biomateriais utilizados atualmente é osseocondutor, e por esse motivo, a ciência odontológica busca materiais que possam promover diferenciação celular no próprio local do enxerto, sem necessidade de acessar uma segunda região (MOGHADAN et al., 2001; CARVALHO et al., 2010).
A rhBMP-2 (recombinant human Bone Morphogenetic Protein-2 “proteína morfogenética óssea humana obtida através de técnica de DNA recombinante”) é um fator de crescimento que se mostrou capaz de induzir, em laboratório, a formação de novo osso em ratos entre 7 e 14 dias, ou em até 5 dias, de acordo com a dose utilizada (WANG et al, 1990).
Em 1965, Urist, utilizou diversas preparações de matriz óssea descalcificada para isolar e identificar o mecanismo de ação da proteína morfogenética. A formação óssea ectópica foi induzida em vários modelos animais e para a reparação de defeitos críticos em animais e humanos.
Estudos subsequentes identificaram mais de 20 tipos de proteína morfogenética, sendo que as consideradas osseoindutoras são a BMP-2, BMP-4, BMP-6 e BMP-7. As BMPs são moléculas secretadas fisiologicamente por células da medula óssea, plaquetas, células musculares e osteoblastos. Com exceção da BMP-1, todas são membros da superfamília TGFβ (Transforming Growth Fator, fator transformador de crescimento). Até o momento, as BMPs são as únicas moléculas conhecidas que tem habilidade de transformar células do tecido conjuntivo em células osteoprogenitoras. Nenhum dos outros fatores de crescimento conhecidos possuem essa habilidade (RENGACHARY, 2002).
Bruder (1999) e Carvalho et al. (2010), discorrendo sobre engenharia tecidual, relataram que a regeneração tecidual envolve, basicamente, três elementos: células, fatores de diferenciação e crescimento, e arcabouços extracelulares. Os biomateriais mais utilizados como arcabouço são os metais como o titânio, materiais sintéticos orgânicos como polímeros e copolímeros, materiais sintéticos inorgânicos como hidroxiapatatita e compósitos de fosfato de cálcio, materiais naturais orgânicos como colágeno e ácido hialurônico, e materiais inorgânicos naturais como hidroxiapatita de corais. As BMPs que estão aprovadas para uso clínico apresentam grande potencial para regeneração óssea.