Resumo
Muitos pacientes apresentam um sistema estomatognático em perfeito estado de equilíbrio, em outros casos quando esse elo é perdido configuram-se vários estados de desequilíbrio fisiológico. O sistema estomatognático é uma entidade fisiológica, funcional, perfeitamente definida que compreende os dentes, as gengivas, a articulação temporomandibular (ATM), bem como os músculos da mastigação. A eficácia deste sistema depende do equilíbrio dos seus diversos componentes, sendo indissociáveis uns dos outros, estando assim envolvida em múltiplas ações como a sucção, a mastigação, a deglutição, a mímica, a fala e a respiração (GUIMARÃES et al., 2011).
A ruptura da harmonia leva a consequências danosas para as estruturas orais. Uma destas alterações refere-se como bruxismo, uma movimentação mandibular repetitiva que a depender do período circadiano pode ser considerada: Bruxismo do Sono (BS) – uma atividade dos músculos da mastigação durante o sono caracterizada por ser rítmica ou não rítmica e em indivíduos saudáveis; e o Bruxismo da Vigília (BV) – uma atividade dos músculos da mastigação durante a vigília, caracterizada por contato dentário repetitivo e/ou contração muscular que não é um distúrbio do movimento em indivíduos saudáveis (LOBBEZOO et al., 2018). Quanto à etiologia do bruxismo, o único consenso observado é que não há apenas um fator que explique o aparecimento desta patologia. De uma maneira geral: estresse emocional, consumo de tabaco, álcool ou café, síndrome da apneia do sono e transtornos de ansiedade foram reconhecidos como fatores importantes entre os adultos. Em crianças e adolescentes, além do sofrimento, predominaram anormalidades comportamentais e distúrbios do sono (KUHN; TÜRP, 2018).
Entre as repercussões clínicas do bruxismo a depender de sua variante temos: BS – relato frequente de ruídos de ranger de dentes durante o sono, desgaste anormal dos dentes, dor ou fadiga na face passageira pela manhã, cefaleia temporal ou travamento mandibular consistentes com os relatos noturnos; no BV – podemos observar endentações em língua, mucosa jugal e lábio; assim como desgastes dentários e problemas periodontais (CONTI, 2021).
Com base na literatura científica disponível, não há um tratamento definitivo ou cura para o bruxismo. A odontologia tem ferramentas para minimizar seus efeitos deletérios ao sistema estomatognático por meio de mudanças comportamentais, dispositivos interoclusais e terapias medicamentosas. Após o controle clínico dos quadros de bruxismo, especialidades como a prótese realiza a reabilitação oral dos pacientes acometidos por esta patologia (JOHANSSON; OMAR; CARLSSON, 2011).
Este capítulo exemplifica o passo a passo protético utilizado para conduzir a reabilitação oral de um paciente que apresentava múltiplas sequelas decorrentes de um quadro de bruxismo.