Resumo
A doença cárie na primeira infância é uma realidade muito encontrada no cotidiano nos consultórios de odontopediatria. Apesar de todas as medidas preventivas, a quantidade de dentes decíduos destruídos ainda é alta. Restaurar lesões cariosas extensas em dentes posteriores em pacientes odontopediátricos ainda constitui um grande desafio ao profissional, seja pela anatomia e morfologia características dos dentes decíduos, pelo comportamento do paciente para a utilização de anestesia local, pela escolha da melhor técnica minimamente invasiva e do material restaurador que apresente uma maior longevidade (KIDD; FEJERSKOV, 2004). Entre as opções dentro da filosofia de mínima intervenção, as coroas de aço pré-contornadas (PMC) para molares decíduos foram descritas em 1950. Desde então, algumas modificações têm sido feitas para melhorar a anatomia e simplificar o procedimento de instalação (INNES; RICKETTS; EVANS, 2007).
Os materiais e as técnicas têm sido aperfeiçoados de modo a permitir o conforto do paciente e a preservação da estrutura dentária sadia, realizando preparos que forem necessários de maneira conservadora, por meio do conceito de odontologia minimamente invasiva (PETERS; McLEAN, 2001). A utilização de um preparo minimamente invasivo proporciona muitas vantagens, tanto para a equipe odontológica quanto para o paciente, ressaltando o fato de não necessitar de instrumentais muito sofisticados ou modernos, a facilidade na realização da técnica restauradora e pelo fato de não causar dor e dispensar o uso de anestesia na maioria dos casos (DeGRANDE; ROULET, 1997).
Em busca de novas terapêuticas minimamente invasivas, surgiu na Escócia a Hall Technique (HT): uma técnica de selamento da lesão cariosa em que uma coroa de aço é cimentada com cimento de ionômero de vidro sobre o dente decíduo sem a remoção da lesão cariosa, preparo do dente e anestesia local (INNES; EVANS; STIRRUPS, 2011) (SEALE; RANDALL, 2015). Ao analisar a sobrevida da Hall Technique em dentes decíduos, com lesão de cárie proximal em dentina, comparando com outros materiais, encontrou uma taxa de sucesso de 73,4% e 67,6%, em três e cinco anos, respectivamente. Sendo assim, os autores concluíram que a HT tem um índice de sobrevida similar às outras opções restauradoras convencionais utilizadas (INNES; STIRRUPS; EVANS; HALL; LEGGATE, 2006).