Resumo
A atenção dada à estética, leva aos consultórios odontológicos, pacientes preocupados em corrigir defeitos que até algum tempo atrás não se daria muita importância. Os dentes, a margem gengival e os lábios, devem estar em harmonia, de forma que sejam compatíveis com os padrões desejados e ideais.
O posicionamento apical da margem gengival em relação à junção cemento-esmalte, ficou definido pela Academia Americana de Periodontia como “recessão gengival” (AMERICAN…, 1996). Esta alteração da posição da margem gengival está frequentemente associada a queixas estéticas, presença de lesões cariosas e não cariosas (ZUCCHELLI, 2006) e hipersensibilidade dentinária (CHAMBRONE, 2006). A inflamação gengival, em resposta ao acúmulo do biofilme dental ou ao trauma mecânico de escovação, tem sido indicada como fator etiológico principal dessas lesões (BAKER, 1976). Por muito tempo, acreditou-se que para manutenção da saúde gengival, seria necessária uma faixa mínima de 2mm de gengiva queratinizada, adequada para manutenção dessa saúde (LINDHE, 2005).
A cirurgia mucogengival é executada como auxiliar na terapia do tratamento da bolsa periodontal ou como procedimento independente para solucionar problemas mucogengivais tais como, exposição radicular e inserção muscular anômala (BRUNETTI, 2007).
Em 1996, o World Workshop in Clinical Periodontics renomeou a cirurgia mucogengival como cirurgia plástica periodontal, definida como procedimentos cirúrgicos realizados para corrigir ou eliminar deformidades anatômicas, de desenvolvimento ou traumáticas da gengiva ou da mucosa alveolar e que inclui os seguintes procedimentos: correções protético- periodontais, aumento de coroa, enxerto do rebordo, correções cirúrgicas estéticas, cobertura da superfície radicular desnuda, reconstrução de papilas, correção cirúrgica estética ao redor de implantes e exposição cirúrgica de dentes não erupcionados para ortodontia (CARRANZA, 2007).
Foi proposto por Miller, em 1985 (MILLER, 1985), uma classificação que considera a altura do osso interproximal e a extensão apical da recessão em relação à linha mucogengival, sendo:
1.classe I: Recessão gengival que não ultrapassa a linha mucogengival. Não há perda óssea interproximal;
2.classe II: recessão gengival que ultrapassa a linha mucogengival. Não há perda óssea interproximal;
3.classe III: há perda óssea interproximal, porém coronal à extensão da recessão gengival;
4.classe IV: há perda óssea interproximal, porém apical à extensão da recessão
Por meio da classificação de Miller é possível correlacionar do prognóstico do tratamento (recobrimento radicular) à integridade ou não do osso interproximal. Assim, nas lesões Classe I e II, em que o osso interproximal está intacto, antecipa-se a possibilidade de recobrimento integral das superfícies radiculares, ao passo que nas lesões Classe III, a expectativa de recobrimento é parcial, considerando o máximo de recobrimento previsível até a altura óssea interproximal. Nas lesões Classe IV, o prognóstico é totalmente desfavorável.
A avaliação estética para o tratamento das recessões gengivais também pode ser definida por cinco características: a) nível da margem gengival; b) contorno da margem gengival; c) textura da margem; d) alinhamento da linha mucogengival; e) cor da margem gengival. Este padrão de avaliação permite a interpretação dos resultados de uma forma mais objetiva (CAIRO et al., 2009).
Em termos gerais, desde que técnicas apropriadas sejam utilizadas, as taxas de recobrimento radicular são bem elevadas (BOUCHARD, 2000; WENNSTROM, 1966). Entretanto, existe grande variabilidade de resultados, as quais podem ser atribuídas a três aspectos principais: a) características anatômicas dos defeitos: quantidade de superfície radicular exposta (altura e largura), quantidade e espessura do tecido adjacente, presença/ausência de inserções musculares, e principalmente a altura do osso proximal; b) escolha da técnica (tipo de incisões, uso ou não de enxerto de tecido conjuntivo), e execução cirúrgica; c) fatores inerentes ao paciente em relação ao padrão de resposta cicatricial e cooperação no período pós-operatório.
Para o recobrimento radicular, existem inúmeras técnicas descritas na literatura, desde retalhos pediculados, a enxertos gengivais livres bem como a combinação de diversas técnicas e associação com distintos materiais (PILLONI, 2006).