Resumo
A recessão gengival caracteriza-se por uma migração apical da gengiva marginal em relação à junção amelocementária (OTTONI et al., 2006), podendo acometer dentes isolados ou grupos de dentes (BORGUETTI; MONNET-CORTI, 2011).
É multifatorial e tem como fatores causais o mau posicionamento dental, tracionamento da margem gengival pelo freio, predisposição genética, pouca quantidade de gengiva queratinizada, fator iatrogênico, trauma oclusal, restauração em contato com o tecido gengival, determinados movimentos ortodônticos, deiscência e fenestração óssea, além da escovação traumática, sendo esta, a causa mais frequente na etiologia da recessão (LINDHE et al., 2010).
Dentre as classificações existentes, a proposta por Miller é a mais utilizada, dividindo as recessões em quatro classes: classe I, não atinge a linha mucogengival e não apresenta perda de tecido interdentário; classe II, atinge ou ultrapassa a linha mucogengival, sem perda de tecido interdentário; classe III, há perda de tecido ósseo interdentário e o tecido gengival proximal está apical à junção cemento-esmalte e coronário à recessão; classe IV, há perda de tecido interdentário e o tecido gengival proximal está ao nível da base da recessão (MILLER, 1985).
No estudo realizado por Bouchard et al. (2001) observaram que as recessões classe I e II apresentam melhor previsibilidade de recobrimento radicular. classe III apresentam recobrimento parcial e classe IV não demonstraram recobrimento significativo.
Existem diversas técnicas para o tratamento das recessões gengivais, como enxertos gengivais, retalho posicionado lateral e coronalmente, regeneração tecidual guiada e enxerto de matriz dérmica acelular (WENNSTROM, 1996).
Diversos estudos afirmam que o retalho posicionado coronalmente associado ao uso de enxerto de tecido conjuntivo apresentam resultados estáveis, satisfatórios e com maior previsibilidade no recobrimento radicular (ZUCCHELLI et al., 2006; SANTAMARIA et al., 2007; PINI-PRATO et al., 2010; SANTAMARIA et al., 2011; MCGUIRE et al., 2012).
A técnica de Zucchelli e De Sanctis mostra que a incisão oblíqua tem melhor adaptação das papilas. Desta forma, a incisão inicial parte da junção cemento- esmalte do dente tratado indo até o topo da recessão do dente adjacente, e assim por diante, formando uma papila cirúrgica e uma papila anatômica já existente (ZUCCHELLI; SANCTIS, 2000) (Figura 1).
Inicialmente realiza-se o retalho de espessura total na altura da crista óssea, depois há o deslocamento em direção apical por uma dissecção em espessura parcial para que haja um ganho de mucosa queratinizada (ZUCCHELLI; SANCTIS, 2000). Em outras técnicas é visto só um tipo de espessura de retalho e ela é parcial como na técnica de Bruno (BRUNO, 1994).
Veremos abaixo um caso clínico de um paciente com queixa de recessão gengival múltipla e consequente perda da estética dental, no qual foi realizado o recobrimento radicular pela técnica de Zucchelli.