Resumo
A perda de osso na região anterior de maxila de pacientes edêntulos é um achado comum, sendo esperada uma taxa de 35% de reabsorção nos primeiros seis meses após a extração dentária (PELEGRINE et al., 2010). A perda em espessura precede a perda em altura, o que explica o fato de existirem mais procedimentos visando o ganho em espessura nessa região (JENSEN; TERHEYDEN, 2009). Em situações de reconstruções ósseas aposicionais, o enxerto autógeno é considerado o padrão ouro (ESPOSITO et al., 2009). Entretanto, a morbidade associada ao enxerto autógeno é um limitante dessa técnica, tanto para o profissional, devido a dificuldades na execução da técnica, como para o paciente aceitar procedimentos mais invasivos para obtenção do enxerto (JENSEN; TERHEYDEN, 2009 e GARAICOA-PAZMIÑO et al., 2014). Por outro lado, o uso da Medula Óssea como fonte de células na engenharia óssea tecidual, como alternativa para o enxerto autógeno tradicional, parece promissor após terem sido obtidos bons resultados em estudos regenerativos. Além disso, o risco associado à aspiração de medula é dez vezes menor quando comparado à obtenção de fragmento ósseo da crista ilíaca, e finalmente, quando ocorrem complicações devido à aspiração, elas são claramente menos severas do que as complicações quando da coleta de enxerto autógeno tradicional (HERNIGOU et al., 2014).
Existem poucos estudos na literatura falando sobre a reconstrução anterior de maxila utilizando enxerto ósseo particulado, o que torna mais difícil a decisão de que tipo de enxerto o cirurgião deve utilizar. Xenoenxertos, que estão disponíveis em forma particulada, estão se tornando uma opção mais viável em relação a enxertos autógenos, apesar da sua incapacidade de promover osteoindução e osteogênese, o que incorre em algum ceticismo quanto ao seu uso (PELEGRINE et al., 2014). O objetivo de diversos estudos em modelos experimentais foi associar partículas de xenoenxerto com terapia celular, com objetivo de inserir o potencial de osteogênese e osteoindução, nos quais os resultados sugeriram que a medula óssea foi uma fonte viável para obtenção dessas células, principalmente na forma de concentrado (PELEGRINE et al., 2014; DE MELLO E OLIVEIRA et al., 2014). Porém, ainda são poucos os estudos desse tipo envolvendo humanos.