Resumo
Os últimos anos foram marcados por uma grande evolução na implantodontia, tanto em técnicas cirúrgicas como em equipamentos e materiais. Entretanto, desafios biológicos e mecânicos ainda precisam ser controlados. Nesta perspectiva, os estudos evidenciam que as limitações ósseas são um dos principais desafios para a reabilitação com implantes ósseos integrados (WENNERBERG; ALBREKTSSON, 2011; DRAENERT ET AL., 2014).
As perdas dentárias resultam em defeitos de rebordo alveolar horizontal e vertical complexos, exigindo assim técnicas avançadas de aumento ósseo para a reconstrução (DRAENERT et al., 2014).
A reabsorção óssea apresenta uma etiologia ligada a fatores locais como os traumatismos, extrações dentárias, técnicas de alveoloplastias, patologias e infecções, e a fatores gerais como as alterações sistêmicas como osteopenia, osteoporose, osteomalácia, alterações endócrinas e nutricionais (FROST, 1995).
De acordo com Dinato, Nunes, Smidt (2007), o implantodontista deve realizar um diagnóstico detalhado que assegure a saúde bucal do paciente antes de iniciar os procedimentos cirúrgicos envolvendo os implantes. Os autores mencionam que a visualização tridimensional da futura coroa protética é um fator determinante para o sucesso da reabilitação, pois a simples fixação do implante na parte óssea não determina, muitas vezes, sucesso do tratamento. Assim, deve-se observar a quantidade e a qualidade do osso remanescente, uma vez que isto é fundamental para determinar o posicionamento tridimensional correto e a estabilidade dos implantes.
Conforme Luczyszyn e colaboradores (2005), a reabsorção do osso alveolar que ocorre após a extração dentária resulta em um estreitamento e encurtamento do osso residual, causando defeitos em tecidos moles e duros, principalmente em situações onde há doenças periodontais crônicas ou traumas severos. Nesses casos, o osso remanescente é insuficiente para instalação dos implantes na posição correta fazendo-se necessária a reconstrução tridimensional dessa região (URBAN et al., 2009).
Os enxertos ósseos são indicados em casos de reposição do tecido ósseo perdido, aumentando sua estrutura para futura colocação de implantes osseointegrados e futura reabilitação protética (SUBA et al., 2006).
Em casos complexos ainda são utilizados procedimentos de Regeneração Óssea Guiada (ROG). Este procedimento visa à utilização de membranas, que funcionam como uma barreira seletiva impedindo a invasão de células epiteliais no espaço destinado à regeneração óssea, permitindo assim que apenas células osteoprogenitoras e nutrientes migrem para essa região (URBAN et al., 2009. MERLI et al., 2013. SHEIKH et al., 2017).
Estudos clínicos analisaram combinações de osso autógeno com biomateriais na regeneração óssea guiada e relataram resultados histológicos e clínicos bem-sucedidos (SIMION et al., 2006. SIMION; ROCCHIETTA; DELLAVIA, 2007).
A regeneração óssea guiada é uma técnica adequada em relação à biologia e estética para a neoformação óssea, o uso de biomateriais torna mais previsível a remodelação do osso neoformado e as membranas e-PTFE e Bio-gide não apresentaram diferença estatística no presente estudo (DAHLIN; SIMION; HATANO, 2010).
Segundo Urban (2011), o uso de membranas reabsorvíveis com osso autógeno, sozinho ou em combinação com um biomaterial, proporciona o aumento do rebordo e subsequente colocação do implante. Entretanto a não utilização de uma membrana protegendo o material, mesmo sendo um bloco autógeno pode-se ter uma reabsorção de até 60% do substituto ósseo enxertado (ROCCHIETTA et al., 2016).
Vários estudos com hidroxiapatita comprovam a sua eficácia na regeneração óssea. No estudo realizado por Kattimani e colaboradores (2014), foram recrutados 24 pacientes, com lesão cística periapical, de tamanhos entre 2 a 6 cm, com necessidades de regeneração óssea. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2 grupos de 12 pessoas, sendo utilizada a hidroxiapatita bovina no grupo 01 e a hidroxiapatita sintética no grupo 02, que foram acompanhados por 6 meses, evidenciando-se que ambos são biocompatíveis e igualmente eficientes na regeneração óssea.
Nesse sentido, o presente relato de caso clínico busca demonstrar a regeneração ósseo tridimensional em região anterior e posterior de maxila atrófica utilizando somente a hidroxiapatita sintética, membrana de colágeno e fibrina autóloga (PRF).