Resumo
Na década passada vários concentrados plaquetários de segunda geração ganharam imensa popularidade e entre eles o mais amplamente usado em odontologia é o PRF. O conceito inaugurou uma nova era de concentrados plaquetários completamente autólogos, sem adição de trombina bovina ou anticoagulantes (SHAH et al., 2007). Entre suas vantagens podemos destacar sua origem autóloga, o fácil preparo, baixo custo e muito melhor eficiência que seus predecessores na capacidade de reter plaquetas e liberar fatores de crescimento de forma contínua (DOHAN et al., 2006).
Clássico PRF, também conhecido como PRF de Choukroun foi desenvolvido por Choukroun na França (DOHAN EHREMFEST et al., 2012; DOHAN et al., 2006). O sangue é coletado sem anticoagulantes em tubos de vidro secos de 9 ml (EHRENFEST et al., 2017) e imediatamente centrifugado por 12 minutos e 400 g de força, sendo que a ativação ocorre durante a centrifugação e permite a formação de um denso coágulo de fibrina e plaquetas no meio do tubo, entre as células vermelhas e o plasma acelular. Devido à densa arquitetura da fibrina, seu uso em várias áreas da medicina e odontologia se tornaram bastante úteis (DOHAN EHREMFEST et al., 2012).
A cicatrização das feridas em reposta à injúria tecidual caracteriza-se por diversas atividades celulares coordenadas; que são dependentes de fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, que resultam em reparo tecidual (BARRIENTOS; BELDON, 2010). Neste contexto, o reparo tecidual em adultos envolve os seguintes eventos: 1- hemostasia, 2- inflamação apropriada, 3- diferenciação, proliferação e migração de células indiferenciadas para o sítio da ferida, 4- adequada angiogênese, 5- reepitelização e 6- formação adequada, alinhamento e reticulação do colágeno fornecendo resistência ao tecido cicatrizado (GOSAIN; VELNAR, 2009).
O uso de concentrados derivados de plaquetas para melhorar o reparo de tecidos orais foi validado, principalmente para implantologia, uma vez que condições ósseas satisfatórias são indispensáveis (DOHAN EHREMFEST, 2009). É fato que esses materiais são ricos em fatores de crescimento e citocinas responsáveis pelo processo inflamatório, levando à substituição por reparo. Portanto, seu uso pode acelerar esse processo fisiológico por meio do suprimento local e progressivo de fatores e proteínas de crescimento que fornecem propriedades únicas para remodelação de tecidos, cicatrização de feridas e ação angiogênica (PASCALE, 2014).
Assim, acredita-se que a combinação de L-PRF com xenoenxertos, como osso bovino mineral desproteinizado, poderia levar a melhorias na cicatrização de defeitos ósseos de tamanho crítico, uma vez que os fatores de crescimento seriam adicionados aos biomateriais utilizados como preenchimento ósseo. Para elucidar melhor o processo fisiológico de integração do enxerto ósseo em seus leitos receptores, destacamos três marcadores imunológicos envolvidos: fator de transcrição 2 relacionado ao Runt (RUNX 2), osteocalcina (OC) e fator endotelial do crescimento vascular (VEGF). Runx2 é um fator de transcrição expresso principalmente em pré-osteoblastos jovens. Portanto, é utilizado para avaliar a atividade de diferenciação osteoblástica, caracterizando a resposta da osteoindução. O VEGF permite avaliar a proliferação vascular caracterizando a resposta à osteocondução. Como a cicatrização óssea requer um ambiente adequado para promover a formação vascular, a fim de fornecer nutrientes e oxigênio ao enxerto, o VEGF é um dos fatores de crescimento vascular mais importantes para promover a migração e proliferação de células endoteliais (DOHAN EHREMFEST, 2009).