Resumo
A Endodontia apresenta-se como uma área da odontologia em constante evolução, tanto em relação aos princípios biológicos quanto mecânicos e, principalmente, em sua técnica operatória. Entretanto, a infecção refratária é ainda um grande problema endodôntico, que por muitas vezes, permanece sem resolução, pois resiste à terapia endodôntica, diminuindo significativamente o índice de sucesso de retratamentos (AUN; AUN; GAVINI, 2010).
O fracasso endodôntico se caracteriza pela manutenção ou pelo desenvolvimento de infecções endodônticas oriundas de processos patológicos ou decorrentes de traumatismos, de forma que temos os micro-organismos como principais agentes etiológicos, sendo os causadores do insucesso do tratamento endodôntico, levando à necessidade de retratamento (NAIR et al., 1999; SOARES; AZEREDO, 2016). A infecção ou reinfecção pode ocorrer devido a diversos fatores, como: anatomia do sistema de canais radiculares, qualidade da obturação, conduta técnica, biossegurança, contaminação e primordialmente, pelo biofilme intra e extrarradicular (AUN; AUN; GAVINI, 2010).
Durante do processo de retratamento endodôntico, a remoção do material obturador do tratamento anterior, geralmente apresenta-se como a etapa operatória mais crítica, podendo ser realizada com limas manuais tipo Kerr ou Hedströem ou associadas a sistemas rotatórios (BRAMANTE et al., 2010), sendo a dor pós-operatória relatada em menor número de casos quando usados os instrumentos rotatórios, apesar de a maioria dos sistemas serem correlacionados com extrusão apical de debris (KAŞIKÇI BILGI et al., 2016; TOPÇUOĞLU; TOPÇUOĞLU et al., 2017).
Os sistemas mecanizados de níquel-titânio passaram a ser utilizados em reintervenções endodônticas com respaldo científico para o seu uso clínico, tornando-se uma realidade, principalmente por diminuírem a extrusão de detritos para a região periapical, reduzindo o tempo clínico quando comparados aos instrumentos manuais, contribuindo assim, para um melhor planejamento e execução do caso, resultando em um prognóstico mais favorável e previsível (SOUZA et al., 2016). Estes sistemas se apresentam como uma nova alternativa para remoção do material obturador (KALED et al., 2011).
Os exames de imagem são fundamentais para o planejamento e acompanhamento dos tratamentos realizados. O exame radiográfico, apesar de apresentar certas limitações por sua imagem ser bidimensional, é utilizado para auxiliar na identificação de variações anatômicas e processos patológicos, além de contribuir para que o profissional realize a escolha de recursos e materiais que serão utilizados durante a terapia endodôntica, favorecendo a etapa clínica e o prognóstico do caso (MATOS et al., 2015).
Dentro dos materiais necessários para o procedimento de retratamento, o uso do ultrassom deve ser destacado, pois este é responsável por potencializar a ação da solução irrigante, no intuito de obter melhores resultados no tratamento, vindo a melhorar a desinfecção e dissolução de tecido (GORNI, 2007). A utilização do ultrassom torna-se passo clínico fundamental, devido a complexa anatomia do sistema de canais radiculares, com ramificações e deltas apicais que dificultam a limpeza de uma forma geral (NERIS et al., 2015). A associação do ultrassom ao microscópio ótico potencializa os resultados, pois amplia a visão do profissional em relação à câmara pulpar e facilita a localização dos canais (KHALIGHINEJAD et al., 2017)
O sucesso do tratamento depende da manutenção da cadeia asséptica, sendo importante lembrar que este fator deve estar presente nas diversas etapas clínicas, sendo uma delas a obturação e, para realizá-la, é de suma importância que o conduto esteja sanificado, seco e adequadamente modelado (XAVIER et al., 2014; GONÇALVES et al., 2016).