Resumo
O conhecimento da anatomia do canal pulpar e suas variações anatômicas são essenciais para obter sucesso no tratamento endodôntico, pois segundo Malagnino et al. (1997), a anatomia interna é o único fator imprevisível do tratamento endodôntico, tornando dessa forma, relevante o estudo e conhecimento das variações anatômicas para evitar falhas que irão comprometer o tratamento.
A maioria dos primeiros molares inferiores possui duas raízes, mas variações podem ocorrer. Dentre as variações anatômicas, com relação ao número de raízes, encontramos uma raiz adicional que pode estar localizada lingualmente – Radix entomolaris ou vestibularmente – Radix paramolaris (STAMFLJ, 2014).
Na presença da terceira raiz para molares inferiores, o formato de acesso convencional triangular deve ser modificado para uma forma trapezoidal ou retangular de forma a melhor localizar a entrada de acesso do canal disto-lingual no caso da radix entomolaris ou do canal disto-vestibular para radix paramolaris. A raiz adicional é geralmente menor que as raízes distal e mesial, pode estar separada ou parcialmente fundida a outras raízes (VERTUCCI, 2005). Porém, Tratman (1938) afirmou que a raiz adicional não é simplesmente uma divisão da raiz distal, mas sim uma verdadeira raiz extra com um orifício e um ápice próprios.
A frequência da radix entomolaris ou paramolaris está associada à grupos étnicos sendo menor que 5% na população européia, africana e indiana e varia entre 5% – 40% na população com traços mongolóides (DE MOOR; DEROOSE; CALBERSON, 2004). A maioria dos autores encontraram predominância relacionada ao gênero masculino (LIU et al., 2010; DE SOUZA-FREITAS; LOPES; CASATI-ALVARES, 1971), no entanto outros relataram que a prevalência é semelhante à ambos gêneros (LOH, 1990) ou maior em mulheres (TU et al., 2007).
A imagem obtida através da tomografia computadorizada permite uma análise quantitativa e qualitativa mais precisa, pois a imagem 3D se torna mais eficaz para avaliar a morfologia interna e externa da terceira raiz supranumerária(VERSIANI; PÉCORA; DE SOUZA-NETO, 2011). No método radiográfico periapical é mais difícil identificar a raiz extra, pois geralmente ocorrem superposições de duas raízes, resultando em diagnósticos imprecisos. Porém, uma exposição com incidência de angulação de 20º para mesial ou de 20º para distal, pode fornecer imagem da raiz adicional (INGLE; HEITHERSAY; HARTWELL, 2002).