Resumo
A odontologia moderna enfrenta um dos maiores desafios ao reabilitar o paciente de forma a conseguir um melhor contorno dos tecidos moles, preservação de tecidos ósseos, adquirindo uma melhora na estética, função e fonação. Sendo assim, a implantodontia é uma área indispensável para atingir esses objetivos, visto que as perdas dentárias ainda são comuns, e necessitam de reabilitação com prótese.
A disponibilidade de tecido ósseo é imprescindível para a reabilitação protética sobre implantes. É relatado na literatura o sucesso, a longo prazo, da colocação de implantes com a técnica convencional de duas fases. Todavia há o fenômeno biológico de remodelação óssea, que ocorre após a extração do elemento dental, sendo que nos primeiros 6 meses há uma reabsorção acelerada do tecido ósseo, perdendo aproximadamente 60% da largura e 40% da altura do rebordo alveolar, é um processo irreversível. (ARAÚJO; LINDHE, 2005). Esta perda óssea se torna um obstáculo para a reabilitação estética e funcional do paciente através de próteses implanto-suportadas, já que o tecido ósseo remanescente apresenta-se insuficiente para a instalação de implantes (Bartee, 2001).
Após o tecido ósseo sofrer uma injúria, há um processo de reparo, na tentativa de preservar o volume e as características semelhantes às do tecido original. Entretanto este processo depende de vários fatores, e em muitos casos, este tecido ósseo não consegue se reparar completamente. Diversas técnicas de regeneração óssea podem ser utilizadas na tentativa de otimizar o processo de reparo ósseo, entre elas o uso de enxertos ósseos autógenos e/ou substitutos ósseos de diversas origens (Carvalho et al., 2013).
Técnicas de instalação de implantes imediatos com temporização imediata após exodontia são empregadas atualmente na tentativa de otimizar o tempo de tratamento, reduzir o número de etapas cirúrgicas, aumentar a aceitação do tratamento pelo paciente, diminuir a morbidade, e principalmente manter a arquitetura dos tecidos adjacentes. Apesar da reabilitação imediata em casos unitários manter o contorno de tecidos periimplantares, favorecendo a estética do caso, antes de realizar esta técnica deve-se observar o risco de complicações em situações limítrofes. Sendo estas: presença de defeitos ósseos extensos, recessões gengivais profundas e infecções ativas.
Para alcançar um bom resultado cirúrgico e estético é fundamental no planejamento cirúrgico haver um bom modelo de estudo, enceramento diagnóstico adequado, exames de imagens de boa qualidade, determinação da posição tridimensional do implante e emprega-los ao confeccionar o guia cirúrgico. O implante bem posicionado é essencial para a obtenção de resultados satisfatórios.
Em casos estéticos de instalação de implante imediata após exodontia, é indicado o emprego de implantes cônicos. Durante a instalação do implante há uma compressão do tecido ósseo pelo seu corpo, embricamento de suas espiras nas trabéculas ósseas, promovendo estabilidade primária em diferentes tipos ósseos. Há divergentes relatos na literatura a respeito do torque necessário para a realização de carga imediata, 35 N/cm (TUPAV, 2003), 40 N/cm (BIANCHINNI et al., 2001), 45 N/cm (PIATELLI; DEGIDI, 2003; WOHRLE, 1998), 80 N/cm (CONSTANTINO, 2004).
A confecção da coroa provisória após a inserção do implante proporciona a estética imediata. Como vantagem elimina a necessidade de um segundo estágio cirúrgico e reduz o tempo de tratamento para a obtenção da coroa de porcelana. A coroa provisória é confeccionada copiando o perfil de emergência do dente extraído, mantendo a arquitetura gengival e dos tecidos periimplantares pós-exodonticos.
A estética imediata consiste em remover qualquer contato cêntrico e excêntrico, pois os contatos pré-maturos podem levar a perda do implante devido a falha na osseointegração. Apesar de remover estes contatos, mesmo em infra-oclusão, ainda estarão sujeitos a receber carga oclusal durante a mastigação, todavia não deve ser removida até o final da osseointegração.
A estabilidade primária é fundamental para decidir se haverá ou não a temporização imediata, sendo que defeitos extensos contraindicam o emprego da mesma devido ao maior risco de elevação da mucosa periimplantar. Durante a instalação de implante em alvéolo pós-exodontico observa-se‘gaps’ entre alvéolo e implante, é importante preencher estes espaços com substitutos ósseos para obter maior estabilização do contorno alveolar, e dos tecidos ao redor do implante.