Resumo
A endodontia é uma especialidade multifacetada e, atualmente, conta com amplo conhecimento científico e recursos tecnológicos. Os clínicos aperfeiçoaram sua capacidade em realizar os procedimentos endodônticos, devido à melhora na visualização, usando o microscópio operatório; à detecção precisa do forame apical, usando localizadores apicais, técnicas de radiografia digital; uso do ultrassom e a intrumentação mecanizada, usando limas rotatórias com peças de mão computadorizadas. Dispositivos são utilizados para potencializar as soluções irrigadoras e otimizar o resultado do tratamento endodôntico. A literatura atual indica ainda que o sucesso do tratamento endodôntico depende, também, de uma vedação efetiva da coroa, evitando a reinfecção do canal e uma restauração adequada que resistirá às tensões funcionais aplicadas à estrutura dental remanescente (COHEN; HARGREAVES, 2011).
O tratamento endodôntico é um meio efetivo, seguro e que possui alta previsibilidade na preservação dos dentes que, de outra forma, estariam perdidos (PINTO et al., 2011), no entanto, alguns dentes continuam a mostrar sinais de patologia após a terapia inicial e necessitam de reintervenção, com o objetivo de recuperar a saúde e função, permitindo um reparo completo das estruturas de suporte.
As falhas podem ocorrer nos casos de persistência microbiana no sistema de canais radiculares, como consequência de falhas do controle asséptico, cirurgia de acesso inadequada, limpeza insuficiente, obturação precária, ou quando há infiltração coronária. No entanto, existem casos que resultam em fracasso apesar do tratamento ter seguido os padrões e técnicas corretas, sendo estes normalmente associados à complexidade anatômica do sistema de canais radiculares (SIQUEIRA, 2001). Outro fator que limita o sucesso dos tratamentos endodônticos é a presença de perfurações. As perfurações das paredes do canal radicular configuram um dos mais desagradáveis acidentes que podem ocorrer durante o tratamento endodôntico (MELO et al., 2016). Com o intuito de se obter o reparo relativo às perfurações, o M.T.A. (agregado Trióxido Mineral) é o material mais utilizado e tem a finalidade de selar as vias de comunicação entre o SCR e a superfície externa do dente, oferecendo a possibilidade de regeneração óssea e tecidos periodontais (TORABINAGED; CHIVIAN, 1999).
A endodontia, assim como outras ciências odontológicas, vem evoluindo de forma exponencial por meio da incorporação de novos recursos técnicos-científicos, tornando os procedimentos endodônticos cada dia mais previsíveis, uma vez que contribuem de forma relevante para o bom desempenho do profissional. Os altos índices de sucesso obtidos na endodontia atual permitem a manutenção do dente em saúde e função muito além do que em um passado não tão distante. Além do mais, em decorrência da maior conscientização da importância de se preservar o dente, existe interesse crescente pelo procedimento “ retratamento endodôntico convencional” (BUENO; PELEGRINE, 2017).
Ao se constatar, por meio do controle clínico-radiográfico, o insucesso endodôntico, duas condutas devem ser consideradas: o retratamento endodôntico convencional ou a cirurgia apical, sendo que qualquer uma delas, quando adequadamente indicada, pode ter êxito. Porém, sempre que o acesso ao canal radicular for possível, o retratamento endodôntico deve ser a conduta preferida (RODRIGUES, 2016).
Basicamente, o retratamento consiste na realização da remoção do material obturador, na reinstrumentação e reobturação do sistema de canais, com o objetivo de superar as deficiências da terapia endodôntica anterior.