Resumo
A maloclusão de Classe II acomete cerca de 55% da população brasileira, sendo um dos problemas mais frequentes (ALMEIDA-PEDRIN et al., 2005). Do ponto de vista esquelético, sua etiologia tem caráter multifatorial, podendo decorrer de uma protrusão maxilar, retrusão mandibular ou até de uma combinação das duas (GANDINI JUNIOR; MARTINS; GANDINI, 1997). Nas clínicas ortodônticas, a busca por tratamento desta maloclusão apresenta mais reincidência que a busca por tratamento de maloclusão de Classe I, uma vez que ela se manifesta com mais frequência na população, comprometendo a estética do paciente (CASTELO; BRAMANTE; PINZAN-VERCELINO, 2009; OLIVEIRA JÚNIOR; ALMEIDA, 2004).
O plano de tratamento dessa anomalia pode ocorrer por meio de três tipos de abordagens: ortopédica, compensatória ou cirúrgica. Quando a estética facial do paciente é prejudicada, o tratamento cirúrgico é a melhor indicação (BENNET; MCLOUGHLIN, 1990).
Esquecido durante algumas décadas e reintroduzido por Hans Pancherz, em 1979, um dos primeiros aparelhos para avanço mandibular utilizado para corrigir essas maloclusões foi criado por Emil Herbst, no ano de 1905, o grande idealizador do aparelho que leva o seu nome (Aparelho de Herbst). Devido a falta de colaboração dos pacientes em relação ao uso do aparelho extrabucal e outros acessórios, Coelho Filho, baseando-se nos estudos de Pancherz, que reintroduziam a população ortodôntica ao aparelho de Herbst, utilizou a literatura para solucionar os problemas de Classe II com retrognatismo mandibular (COELHO FILHO, 1998; 2002).
Devido ao constante aperfeiçoamento mecânico e sempre considerando o conforto do paciente, o APM, já em sua quarta (4ª) versão (APM IV) (COELHO FILHO, 2002), vem sendo modificado continuamente; após eleger o APM III como aparelho adequado para seus pacientes, ele observou a dificuldade e demora nos procedimentos de instalação do aparelho, ao notar a possibilidade de aplicação de modificações estruturais para facilitar seu emprego clínico, idealizou uma nova concepção para o aparelho, usando novas idéias e alternativas. Duas modificações básicas foram aplicadas no APM original de modo a tornar os procedimentos clínicos de instalação mais precisos, seguros e rápidos: uma alça maxilar e uma trava molar mais resistente. Facilmente confeccionável e de fácil instalação, ele permite que esta seja realizada pela mesial, tornando os procedimentos clínicos de instalação, além de seu ajuste e remoção, mais rápidos e seguros. A trava molar que leva o nome de RPZ fez parte das modificações que criaram um novo aparelho protrator mandibular, agora chamado de APM FLF e que, ao longo do tempo, assim como o APM, sofreu várias alterações estruturais por parte do seu inventor e hoje é conhecido como APM FLF Stell (FONTÃO, 2002).
Com base nos princípios mecânicos de Herbst (ALVES et al., 2006; PANCHERZ, 1985; KAMACHE, et al. 2006), criou-se uma série de quatro aparelhos que, de forma evolutiva, não só promoviam uma postura mesial da mandíbula durante o tratamento da Classe II, como também permitiam a ativação de maneira assimétrica e unilateral nos casos de subdivisões da Classe II nos desvios de linha média e na perda de ancoragem de molares inferiores (COELHO FILHO, 2002).
O uso de aparelhos propulsores mandibulares fixos causa um interesse crescente no meio ortodôntico, uma vez que estes propulsores apresentam muitas vantagens em relação aos aparelhos removíveis como, por exemplo: 24 horas de ativação diária, levando a um tempo de tratamento curto; não comprometimento da estética facial e a eliminação da variável de cooperação do paciente (CASTELO; BRAMANTE; PINZAN-VERCELINO, 2009; FURQUIM et al., 2013).