Resumo
O uso do implante dentário tem sido reconhecido como uma opção previsível para o tratamento de áreas desdentadas, confirmado por vários estudos a longo prazo (ENGLEZOS et al., 2018; VALENTE; ANDREANA, 2016). No entanto, as possíveis complicações decorrentes do uso desta terapêutica têm atraído pesquisas concentradas no acúmulo de biofilme bacteriano, em torno de sua estrutura, levando a uma doença peri-implantar (VALENTE; ANDREANA, 2016).
A peri-implantite é definida como uma lesão inflamatória nos tecidos peri-implantares que leva à perda de estruturas de suporte e bolsa ao redor deste. Apresenta uma etiologia complexa e multifatorial, que inclui: infecção desencadeada por biofilme, sobrecarga oclusal e a resposta de cura comprometida (ENGLEZOS et al., 2018), restos de cimentos residual, posicionamento inadequado dos implantes, microgaps na interface implante-prótese (TALLARICO et al., 2017) e ausência de gengiva inserida ao redor dos implantes (SARMIENTO et al., 2018).
Segundo relataram Sarmiento et al. (2018), a microbiota relacionada com a peri-implantite contém muitas das bactérias anaeróbias Gram-negativas que estão ligadas a patogêneses da doença periodontal, mesmo relatando que pode haver também micro-organismos específicos para peri-implantite.
Segundo Leonhardt; Dahlén e Renvert (2003) o objetivo do tratamento da peri-implantite é focada na redução da carga bacteriana, que inclui a melhoria na higiene oral, remoção dos depósitos bacterianos e do excesso de cimento na superfície do implante, permitindo a limpeza adequada da estrutura supragengival do implante; além de controlar os fatores que influenciam na resposta do hospedeiro, como o tabagismo.
O tratamento não cirúrgico para peri-implantite com o uso ou não de antibióticos se torna ineficaz no controle completo da doença peri-implantar. A eficácia da raspagem subgengival fica comprometida devido à presença de rugosidades na superfície dos implantes e à geometria das roscas, além da forma do contorno protético que pode dificultar o acesso a área inflamada (RENVERT; ROOS-JANSAKER, CLAFFEY, 2008).
O tratamento de escolha para a peri-implantite consiste no tratamento cirúrgico, com abertura do retalho de espessura total, remoção de todo tecido inflamatório e descontaminação mecânica e química da área exposta do implante (RENVERT; POLYZOIS; CLAFFEY, 2012). A superfície do implante pode influenciar no desenvolvimento da peri-implantite. É, portanto, aceitável que a remoção das espiras da superfície do implante proporcione um melhor ambiente e favoreça o melhor controle da infecção, e o polimento da superfície do implante com fresas diamantadas e multilaminadas produzindo uma superfície mais lisa (ENGLEZOS et al., 2018).
Na literatura não existe um consenso sobre o tratamento mais adequado para peri-implantite. Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico do tratamento cirúrgico da peri-implantite com um acompanhamento de 3 anos.