Resumo
O tratamento ortodôntico cirúrgico permite a correção das maloclusões esqueléticas associadas às alterações faciais, possibilitando o estabelecimento de um equilíbrio entre os dentes, os ossos de sustentação e as estruturas faciais vizinhas (língua, lábios e bochechas). Os principais fatores etiológicos para a Classe III esqueléticas são os fatores genéticos e o crescimento ósseo aposicional (LAUREANO et al., 2003).
A saúde bucal de pacientes com severa maloclusão pode estar comprometida ou alterada devido à dificuldade na realização da higiene oral, disfunção da ATM, disfunção da fala, indução da disfunção mastigatória e deglutição. A tríade em alcançar a estética, função e equilíbrio estrutural são os objetivos na correção das deformidades dentofaciais (CHERACKAL et al., 2013).
Em nossa sociedade contemporânea, o impacto psicossocial é mais importante do que os problemas físicos. O desejo do paciente em ter o rosto atraente, obter autorrespeito e autoconfiança são aspectos relevantes no tratamento da falta de harmonia e estética da face (NICODEMO et al., 2007).
A má oclusão de Classe III desperta especial interesse para os ortodontistas devido ao comprometimento estético e funcional, e prognóstico desfavorável à mecânica ortopédica e ortodôntica (BOECK et al., 2005).
A maloclusão esquelética de Classe III pode apresentar diversas etiologias, como o prognatismo mandibular, retrusão maxilar ou uma combinação de ambos, sendo a deficiência maxilar a mais frequente. Discrepâncias esqueléticas podem ter impacto estético desfavorável, muitas vezes agravadas pela presença de assimetrias faciais acentuadas (BERGAMO et al., 2011).
Nos casos de deformidade dentofaciais, sendo a maloclusão severa temos três opções terapêuticas possíveis:
– Reposicionamento ortodôntico com cirurgia ortognática.
– Compensação dental com camuflagem ortodôntica.
– Modificação precoce do crescimento (CHERACKAL et al., 2013).
O tratamento maloclusão de Classe III deve ser feito o mais cedo possível, ainda na fase de dentição decídua, pois, permite diminuir as discrepâncias da deformidade dentofacial com a ortopedia interceptativa de maneira precoce, sendo que a Classe III severa, acentuando na entrada da adolescência com o surto do crescimento.
O potencial de crescimento é um fator fundamental na avaliação, planejamento e prognóstico do tratamento, principalmente em casos com comprometimento esquelético. Pacientes com o diagnóstico de Classe III tem o surto puberal com uma duração entre 5 e 7 meses maior que os pacientes Classe I (KUK-MICHALSKA; BACCETTI, 2010).
Porém, mesmo com a intervenção precoce, com tratamentos ortopédicos ou compensação dentária e camuflagem do componente esquelético, em muitos pacientes, essas intervenções não são capazes de amenizar o comprometimento estético funcional a longo prazo (BRUNHARO, 2013). Consequentemente, observamos que nos últimos anos a correção da maloclusão severa, de Classe III, em muitos pacientes tem sido feita com o tratamento ortodôntico-cirúrgico (SMYTH; RYAN, 2017).
O tratamento ortodôntico cirúrgico se mostra como uma forma eficiente e satisfatória nos casos de severa deformidade dentoesquelética (BARROSO; VALE, 2013). De uma maneira geral o fator estético é mais relevante do que o fator funcional para a maioria dos indivíduos, o que contraindica apenas o tratamento ortodôntico para a correção das deformidades dentoesqueléticas com grande comprometimento facial em adultos (WORMS et al., 1980).