Resumo
A má oclusão de Classe III é caracterizada por uma discrepância esquelética ântero posterior, acompanhada ou não por alterações verticais, mas geralmente envolvendo também alterações transversais das bases ósseas. Apesar da baixa incidência na maioria das populações, o estudo deste tipo de desarmonia esquelética é motivada por suas marcantes características de expressão. Geralmente o aspecto facial dos indivíduos acometidos é afetado significativamente, sendo esta desarmonia, associada às alterações funcionais mastigatórias, um dos principais motivos para o interesse dos pacientes em procurar o tratamento para este tipo de má oclusão (MA CARDOSO et al., 2004).
A frequência das más oclusões de Classe III varia em diferentes grupos raciais. A incidência entre os brancos é de 1% a 4%; Entre os negros, é de 5% a 8%; nos asiáticos, varia de 4% a 14% (DAHER et al., 2007). Angle (1900) descreveu a má oclusão de Classe III como uma condição em que o primeiro molar inferior está posicionado mesialmente ao primeiro molar superior. Esta relação molar poderia incluir uma retrusão maxilar com uma mandíbula normal, uma mandíbula protruída com uma maxila normal ou a combinação de ambos. Também pode ocorrer uma relação dentária de pseudo Classe III. Ela pode ser o resultado de um deslocamento para frente da mandíbula devido a interferências oclusais. Além do mais, a relação dentária de Classe III também pode apresentar uma posição maxilo-mandibular normal.
Existem diversas formas de tratamento na má oclusão de Classe III. Dependendo da forma de como a Classe III se expressa e da idade do paciente, os tratamentos poderão ser ortopédicos, ortodônticos ou ortodônticos cirúrgicos (DILIO et al., 2014).
Corrigir uma má oclusão de Classe III geralmente é um desafio para um ortodontista, especialmente se o perfil do paciente não permitir extrações. Uma opção de tratamento é o uso de elásticos intermaxilares para corrigir a discrepância ântero-posterior unilateral. No entanto, o sucesso deste método depende da resposta individual de cada paciente e da sua conformidade na utilização dos elásticos (JANSON et al., 2010).
O objetivo deste capítulo é apresentar um tratamento ortopédico, ortodôntico e cirúrgico bem-sucedido de um paciente Classe III hereditário e através dessa abordagem ilustrar e discutir as mudanças dento esqueléticas ocorridas durante a correção.