Resumo
Para que um implante dentário possa restaurar a estética e função de forma otimizada, ele deve ser instalado em uma posição anatômica ideal. No entanto, esta nem sempre é possível, uma vez que a cicatrização de feridas após extração dentária, trauma, ou patologia, frequentemente resulta em deficiência de tecido duro e mole. A menos que procedimentos de aumento sejam realizados, a instalação de um implante nestes sítios de tecidos deficientes acabaria por comprometer os resultados funcionais e estéticos (CHIAPASCO; CASENTINI; ZANIBONI; 2009).
Após a extração do dente, aproximadamente 50% de redução na espessura do rebordo alveolar ocorre ao longo de um período de 6 a 12 meses (JOHNSON, 1963, 1969). Condições anatômicas e clínicas imediatamente após à exodontia são completamente diferentes aos que existem depois de vários meses de cicatrização. Posteriormente à extração, há uma reabsorção óssea, vertical e horizontal, centrípeta na maxila, centrífuga na mandíbula. Nos alvéolos dentais, a neoformação óssea começa a partir do 20º dia pós exodontia, a partir da formação de osso trabecular das paredes alveolares. Somente após 15 semanas o alvéolo finalmente é preenchido com o osso, mas o novo pico ósseo não atinge nem a altura, nem a espessura da região adjacente (SIMONPIERI et al., 2004). A redução de espessura é geralmente maior do que a perda de altura, e a reabsorção óssea é significativamente maior na porção vestibular do que na lingual. No entanto, existem grandes variações entre os indivíduos. Diferentes procedimentos têm sido sugeridos para manutenção da espessura e altura do osso alveolar após a extração do dente. O objetivo dos procedimentos de preservação do rebordo alveolar é o de limitar a reabsorção do osso maxilar e mandibular e manter osso alveolar suficiente para a colocação de implantes bem sucedidos e com aparência estética do tecido mole (HAUSER et al., 2013).
Os materiais de enxerto ósseo devem possuir duas características fundamentais: serem imunologicamente inativos e fisiologicamente estáveis. Imunologicamente não deverão causar nenhuma rejeição ou transmissão de doença. Os materiais deverão ser biocompatíveis e idealmente reabsorvidos após a regeneração óssea. As características fisiológicas do enxerto ósseo ideal deverão permitir a osteogênese e a osteocondutividade na formação de novo osso (SOMANATHAN; ŠIMONEK, 2006). De acordo com a origem, existem quatro tipos de enxertos ósseos: autoenxertos, aloenxertos, xenoenxertos e materiais aloplásticos, sendo que 6 meses é considerado um período ótimo de cicatrização. O principal objetivo da sua utilização é manter o espaço, de modo a prevenir que o tecido mole cresça e o invada, permitir a estabilidade mecânica e servir de guia para a formação óssea, tornando-se determinante para a osteogênese e para a cicatrização (CANULO; CLAUDIA, 2009; LI; WANG, 2008).
Embora vários procedimentos de ganho ósseo tenham sido desenvolvidos, muitos deles estão associados a um certo número de desvantagens, tais como: o aumento de custos, a exigência de um segundo local cirúrgico para obtenção do enxerto, a utilização de produtos derivados de origem animal (DARBY; CHEN; BUSER; 2009) ou mineral (PRYOR et al., 2009). A fibrina rica em plaquetas (PRF) é uma matriz de fibrina autóloga que ajuda a maximizar a regeneração óssea (KOCH et al., 2010) e pode ser considerada como uma segunda geração de concentrado de plaquetas, pois o concentrado natural é produzido sem quaisquer anticoagulantes ou agentes geleificantes (BOWERS et al., 1989; CORTELLINI; BOWERS, 1995). A primeira análise bioquímica da composição do PRF indicou que este biomaterial consiste em uma reunião íntima de citocinas, cadeias glicanicas e glicoproteínas estruturais enredadas dentro uma rede de fibrina lentamente polarizada. A atividade biológica da molécula de fibrina é suficiente para explicar a significante capacidade cicatricial do PRF e o modo lento de polimerização confere à membrana de PRF uma arquitetura fisiológica particularmente favorável para promover o processo de cicatrização (ANITUA et al., 2004). Locais enxertados com PRF sozinho exibiram uma rápida cicatrização clínica, mínimo acesso quando da reabertura e excelente densidade óssea. Vantagens do PRF incluem menor tempo cirúrgico, eliminação de dificuldades técnicas e de potencial de cicatrização associados com membranas e menor reabsorção durante a cicatrização em comparação com procedimentos de regeneração óssea guiada (SIMON; GUPTA; TAJBAKHSH; 2011).