Resumo
O bruxismo é uma atividade repetitiva dos músculos mandibulares que envolve o ranger e apertar dos dentes e/ou o esfregar ou o impulsionar da mandíbula. Esse hábito se constitui como um dos mais difíceis desafios para a odontologia restauradora, e poderá produzir reflexos no periodonto, nos músculos mastigatórios, na articulação temporomandibular (RODRIGUES, 2006).
É uma afecção encontrada na sociedade que pode ser causada por diversos fatores, o que torna seu tratamento complexo. De acordo com levantamentos bibliográficos, 85 a 90% das pessoas apresentam essa patologia no decorrer da vida (ASSIS, 2020). O autor ainda indicou que sua prevalência varia de 20% a 25% em crianças, de 5% a 8% na população adulta e 3% nos idosos. Entre homens e mulheres, não se encontram diferenças de incidência.
Os sinais e sintomas relatados pelo paciente são os principais métodos para identificação desse transtorno, além de uma boa avaliação clínica analisando, por exemplo, a sensibilidade, a palpação e rigidez muscular do masseter e do temporal (KOYANO et al., 2008).
Os indivíduos que possuem esse hábito podem apresentar abrasões e mobilidade dentária, fratura de restaurações dentárias, hipertrofia do músculo masseter e mialgia, características de disfunção temporomandibular (DTM), entre outros sinais e sintomas (KOYANO et al., 2008).
É fundamental trabalhar terapêuticas não invasivas e reversíveis ao tratamento dessa disfunção, evitando alternativas terapêuticas com maior risco para iatrogenias.
Existem diversos métodos terapêuticos para o controle do bruxismo, como a terapia comportamental; a eletroterapia; e também o tratamento odontológico do bruxismo consiste em intervenções que promovam a redução dos contatos dentais parafuncionais e das dores faciais e articulares. Destaque ao uso de placa estabilizadora, sendo a mais utilizada, objetivando induzir os côndilos a adquirirem uma posição estável na fossa mandibular; e o uso da toxina botulínica tipo A (TXB-A) (NAKED et al., 2017; LIMA, 2020). A TXB-A é produzida pelo Clostridium botulinum, bacilo gram-positivo anaeróbio, produtor de esporos (COSTA et al., 2017; GONÇALVES, 2013).
A TXB-A encontra diversas aplicações na região da cabeça e pescoço. Os usos do TXB-A em maxilofacial podem ser amplamente divididos em aplicações cosméticas e não cosméticas (SRIVASTA, 2015).
Estudos mostram que o bruxismo é causado por altos níveis de atividade motora na musculatura da mandíbula centralmente mediada, indicando que a redução da atividade muscular induzida pelo uso da TXB-A pode ser benéfica nesses casos (TEIXEIRA, 2013).
Seu uso tem sido eficaz na redução e/ou eliminação da dor como terapia primária ou como adjuvante para a terapia convencional, significando que pode ser utilizada não apenas para o tratamento de espasmos e na estética, mas também para o tratamento de estados dolorosos ( GONÇALVES, 2013; COSTA et al., 2017).
A toxina de acordo com Fassina et al. (2016) provoca relaxamento muscular, bloqueando temporariamente a liberação de acetilcolina nos terminais nervosos colinérgicos pré-sinápticos e o músculo permanece paralisado enquanto estiver sob seu efeito.
Assim, o uso da TXB-A para diversos tratamentos odontológicos é considerado promissor, por ser considerado procedimento minimamente invasivo clássico, não sendo agressivo e nem penetrando o organismo de forma extensiva, com ato operatório que não exige uma hora clínica longa e permite o retorno do paciente às suas atividades laborais de maneira bastante precoce (BISPO, 2019).
O objetivo desta investigação consistiu em relatar, por meio de um caso clínico, o tratamento de bruxismo com a TXB-A, bem como procurar descrever todas as etapas do procedimento envolvendo a aplicação da TXB-A no controle do bruxismo, os efeitos na paciente, apresentar os benefícios, riscos e limitações do uso.