Resumo
A preservação alveolar é um objetivo buscado por todos os profissionais que procuram devolver função e estética aos seus pacientes, principalmente em regiões anteriores superiores, visto que, nestas regiões, os alvéolos podem sofrer uma reabsorção significativa já nos primeiros seis meses pós exodontia (PELEGRINE et al., 2010). Logo após a exodontia, ocorre uma acentuada alteração dimensional durante as primeiras oito semanas. Neste período, ocorre uma grande atividade osteoclástica, resultando na reabsorção da crista alveolar tanto na face vestibular como na lingual, sendo que a redução da altura é seguida por uma perda de massa óssea horizontal (ARAÚJO; LINDHE, 2005).
Estudo realizado por van der Weijden, Dell’Acqua e Slot (2009) verificou uma redução média da largura da crista alveolar de 3,87mm e uma perda de altura em média de 1,67mm após exodontia. Como a sobrevivência dos implantes e sua capacidade de fornecer função e estética perdidas estão estritamente correlacionadas com o seu correto posicionamento no osso alveolar, necessita-se de osso e gengiva em quantidades adequadas (PERRI DE CARVALHO; PONZONI; BASSI, 2005), o que pode ser alcançado com a utilização de técnicas de preservação alveolar.
Vários biomateriais (xenógenos, alógenos e aloplásticos) já foram testados em alvéolos frescos para minimizar a perda de espessura alveolar ou para obter, se possível, a preservação do osso alveolar sem níveis elevados de morbidade relacionada à utilização desses enxertos, porém, esses biomateriais, quando utilizados, resultam na presença de remanescentes de tecido mineralizado desvitalizado, que pode interferir na estabilidade primária e osseointegração do implante (JAMBHEKAR; KERNEN; BIDRA, 2015).
Este trabalho foi desenvolvido no sentido de utilizar uma tecnologia de terapia celular, baseada nos produtos do sangue periférico, que oferece uma consistência de arcabouço, protege o sitio cirúrgico e acelera o processo de cicatrização.
Choukroun et al. (2006) desenvolveram o protocolo de obtenção do Plasma Rico em Fibrina (PRF), que pertencente à segunda geração de concentrados plaquetários, com um processamento simplificado e sem manipulação bioquímica de sangue, sendo assim, eliminando as complicações legais. Ao contrário dos outros concentrados de plaquetas usados até então, trata-se de uma técnica em que é necessária somente a centrifugação de sangue do paciente, sem outros aditivos. Esta pretende mimetizar o processo natural de coagulação, e produz-se uma membrana bioativa simples e econômica que funciona como uma rede de fibrina que leva tanto à migração e à proliferação celulares, de forma mais eficiente.
A matriz de fibrina é primordial no processo de cicatrização e a utilização de aditivos cirúrgicos à base de fibrina, na maior parte, colas de fibrina, tem uma longa história de utilização com sucesso na cirurgia oral e maxilofacial. O PRF tem capacidade de regular a inflamação e de estimular o processo imunitário da quimiotaxia e, sendo um material autólogo, elimina qualquer risco de transmissão de doenças (DOHAN et al., 2006).
Este material natural parece acelerar a cicatrização, além de que, quando em associação com enxertos ósseos, tende acelerar a formação de novo osso. Ao mesmo tempo, tem uma função de proteção dos locais cirúrgicos e de biomateriais eventualmente implantados. Estruturalmente, o PRF permite a obtenção de uma matriz firme de fibrina, com uma arquitetura tridimensional complexa, onde estão concentradas a maioria das plaquetas e leucócitos do sangue colhido (DOHAN et al., 2006; CHOUKROUN et al., 2006) e quando utilizado na preservação alveolar não apresenta resíduos que possa interferir na instalação do implante.