Resumo
A obtenção do sucesso da osseointegração dos implantes dentários exige a presença de um arcabouço ósseo integro ao redor do implante (SITTITAVORNWONG; GUTTA, 2010). Inúmeros pacientes necessitam de reabilitações por implantes, porem apresentam importantes perdas ósseas alveolares, como resultados de atrofia fisiológica pelo desuso, traumas dentoalveolares, infecções, doenças periodontais, exodontias traumáticas e insucessos anteriores com implantes (RABELO et al., 2010; HAGGERTY; VOGEL; FISHER, 2015).
Diversas modalidades de reconstruções alveolares estão disponíveis e incluem: enxertos autógenos, alógenos, xenógenos, sintéticos e agentes osteoindutores (MARX, 2007). A seleção do biomaterial mais adequado deve levar em consideração o tamanho do defeito ósseo, o plano de tratamento protético (quantidade e posicionamento dos implantes), a disponibilidade de sítios doadores intraorais, o nível de aceitação do paciente e o numero de etapas cirúrgicas (estágio único ou 2 estágios) (HAGGERTY; VOGEL; FISHER, 2015).
O enxerto autógeno é considerado o “padrão ouro” em relação ao demais biomateriais, pelo fato de ser o único que possui os três mecanismos envolvidos na formação óssea: osteogênese, osteoindução e osteocondução (KAO; SCOTT, 2007). Além disso, apresenta compatibilidade imunológica, excelente potencial angiogênico, sem possibilidade de transmissão de doenças e com características físicas e moleculares idênticas ao leito receptor (GULINELLI et al., 2017). Em contrapartida, o enxerto autógeno apresenta desvantagens, tais como: morbidade do segundo sitio cirúrgico, elevado custo, tempo cirúrgico mais longo, possibilidade de injuria neurovascular e reabsorção do enxerto (BLOCK; DUCOTE; MERCANTE, 2012).
Dentre os sitios intraorais disponíveis para coleta de osso autógeno, o corpo mandibular, ramo ascendente, mento e tuberosidade maxilar são os mais utilizados. A escolha da área doadora é influenciada pela quantidade, qualidade e formas do tecido ósseo a ser enxertado. Defeitos ósseo de pequenas dimensões ( 3 a 4 dentes) podem ser reconstruídos por sítios doadores intraorias, os quais apresentam o mesmo padrão de crescimento ósseo (intramembranoso) do sitio receptor, ausência de cicatrizes visíveis e permitem a realização em ambiente ambulatorial, sob anestesia local (SITTITAVORNWONG; GUTTA, 2010).
A região do mento é a principal fonte de osso autógeno na cavidade oral. O tecido ósseo coletado apresenta característica cortico-medular e é suficientemente disponível para defeitos que envolvam até 3 elementos dentários (SITTITAVORNWONG; GUTTA, 2010).
Já o ramo ascendente da mandibular oferta uma menor quantidade de tecido ósseo. Estudos evidenciam um volume médio de osso disponível de 2,3mL, o qual pode ser traduzido num ganho ósseo aproximado de 3 a 4 mm nas dimensões verticais e horizontais (GUNGORMUS; YAVUZ, 2002).
As desvantagens do uso de áreas doadoras intra-orais estão relacionadas à quantidade restrita de material coletado e a possibilidade de interferência no planejamento da reconstrução, principalmente, se as áreas (doadora /receptora) encontrarem-se próximas (LOUIS, 2011).
A morbidade pós-operatória mais comum relacionada aos enxertos do ramo e mento é a parestesia temporária (LOUIS, 2011), o qual pode acometer 76% dos enxertos de sínfise e 21% para os casos de coleta ósseas no ramo ascendente (CLAVERO; LUDGREM, 2003).
O trismo mandibular também encontra-se envolvido no pós-operatório dos enxertos intra-orais. Associado principalmente aos enxertos do ramo mandibular, tal condição é autolimitante, com resolução completa em 4 semanas (SITTITAVORNWONG; GUTTA, 2010).
Por fim, para reconstruções alveolares em defeitos de ate 3 elementos dentários, o ramo ascendente da mandíbula apresenta a vantagem de possuir menores morbidades nos pós-operatório em relação ao mento, bem como, fornece um tecido ósseo de qualidade idêntica e volume similar.
O referido capitulo objetiva-se a demonstrar um caso de reconstrução de defeito horizontal em maxila, através de enxerto autógeno do ramo mandibular.