Resumo
Uma das grandes preocupações da odontologia contemporânea tem sido descobrir materiais bioativos que modulem o processo inflamatório e propiciem uma melhor resposta quando buscamos sua efetividade em tecidos duros e moles (DOHAN et al., 2006).
A fibrina rica em plaquetas e leucócitos é considerada um concentrado plaquetário de segunda geração, obtida por meio de um processo de centrifugação sanguínea em tubos secos, sem adição de nenhum anticoagulante, sendo desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Joseph Chouckroun (DOHAN et al., 2006). A utilização desse tipo de agregado sanguíneo favorece o desenvolvimento microvascular e é capaz de guiar células para uma migração nos bordos da ferida, acelerando assim o processo de cicatrização e reparo (DOHAN et al., 2006).
O PRF é uma matriz de fibrina autóloga associada com plaquetas, linfócitos T e B, monócitos, neutrófilos e inúmeros fatores de crescimento – incluindo o fator de crescimento plaquetário (PDGF), fator de transformação de crescimento (TGF), fator de crescimento semelhante ao da insulina (IGF) – que tem o objetivo de favorecer a formação óssea, devido ao aumento da angiogênese. Além de possuir esses componentes, o PRF atua na última etapa na cascata de coagulação, influenciando positivamente a transformação de fibrinogênio em fibrina, auxiliado pelo cálcio e trombina, colaborando com a estabilização do coágulo.
A sua obtenção não é complexa e possui baixo custo, baseando-se na remoção do sangue venoso, que logo em seguida é centrifugado em equipamento especializado. Possui como vantagens sobre o PRP não possuir aditivos químicos, apresentar menor tempo de preparo, além de ser de fácil aplicação, devido a sua densidade. Clinicamente, tem sido indicado para defeitos ósseos, para aumentar o tecido mole e elevar a membrana do seio maxilar.
O protocolo para obtenção desse tipo de agregado sanguíneo foi descrito por Ghanaati e colaboradores (2014), por meio de uma centrifugação a 2700 RPM e aproximadamente 400 g de força G, durante o tempo de 12 minutos. Com isso, obteve-se uma membrana densa e resistente, capaz de induzir por meio da liberação de seus fatores de crescimento uma aceleração na cicatrização da ferida cirúrgica, além de se manter como membrana, protegendo a região enxertada (GHANAATI et al., 2014).
Algumas variações desse protocolo têm sido descobertas e utilizadas, visando otimizar a quantidade celular e fatores de crescimento existentes no concentrado sanguíneo. Uma dessas variações é a utilização desse biomaterial em fase líquida, ou seja, fibrina rica em plaquetas – injetável. A particularidade da utilização desse agregado sanguíneo nessa forma é que, devido à diminuição do tempo de centrifugação, associado a uma menor força G, consegue-se obter uma maior quantidade absoluta de monócitos presentes nesse biomaterial (MOURÃO et al., 2015).
Técnicas de manuseio para liberação de tensões teciduais são necessárias, evitando assim a compressão da área enxertada, assim como membranas para proteção contra o tecido conjuntivo.