Resumo
Os traumatismos na dentição decídua ocorrem, geralmente, em crianças de um a três anos de idade e podem afetar um ou mais dentes, sendo os incisivos centrais superiores os dentes mais atingidos. Ambos os sexos são igualmente acometidos, podendo ser observada uma prevalência ligeiramente maior no sexo masculino. Os lados direito e esquerdo podem ser igualmente afetados e pode haver recorrência de trauma sobre um mesmo dente com certa frequência (ASSED, 2005).
No caso de perdas precoces de dentes decíduos, é papel de suma importância do Odontopediatra, adequar as funções mastigatória, estética, fonética, realizando planejamento de forma dinâmica, considerando o crescimento e o desenvolvimento craniofacial e acompanhando, periodicamente, as diversas modificações que ocorrem na cavidade bucal (Guedes-Pinto, 2006).
A opção de tratamento para perda precoce de dentes decíduos anteriores, deve respeitar as indicações precisas e a idade adequada, devolver ao paciente não apenas um sorriso agradável, influenciando de maneira positiva no comportamento da criança, como também prevenir o aparecimento de alterações funcionais, como deglutição atípica, interposição lingual e distúrbios fonoarticulatórios, representando uma alternativa viável e econômica na clínica infantil (PEREIRA; MIASATO, 2010).
Por motivos estéticos, funcionais e psicológicos, são indicadas as reposições de dentes decíduos anteriores perdidos precocemente. Dentre as indicações de tratamento, estão as próteses removíveis ou próteses parciais fixas. Normalmente a primeira opção é mais utilizada, porém, em pacientes com muito pouca idade, próteses fixas podem ser mais seguras e confortáveis, e independem da colaboração dos pacientes para sua utilização. Sendo assim, no caso de áreas edêntulas na região anterior de crianças com menos de quatro anos de idade, indica-se a instalação de uma prótese parcial fixa modificada, com um conector não rígido, não interferindo assim com os processos de crescimento e desenvolvimento maxilar, restabelecendo a estética, evitando posicionamento inadequado da língua e permitindo uma boa higienização, além de dispensar trocas periódicas (Silva; Stuani; Queiroz, 2007).
A prótese parcial anterior modificada pode ser confeccionada toda em acrílico, ou em aço com faceta em acrílico. A peça é constituída de duas partes: uma contém uma barra anexada ao dente suporte, e na outra parte é confeccionado um orifício do mesmo diâmetro do fio, no meio da face proximal do elemento suspenso, que está unido à jaqueta do outro dente suporte. Essa prótese deve permanecer na boca até a fase de esfoliação dos dentes de suporte, quando será possível observar uma abertura do sistema tubo-barra, indicando crescimento maxilar (DENARI; CORRÊA, 1995).
A prótese fixa modificada com o sistema tubo-barra representa uma alternativa rápida, de baixo custo e minimamente invasiva, promovendo a reabilitação protética da perda precoce de dentes decíduos anteriores, sobretudo na primeira infância. Deve-se chamar atenção para a necessidade de acompanhamento periódico em função de permitir um crescimento natural da pré-maxila, além da observação dos estágios de desenvolvimento dos dentes permanentes sucessores (SOUSA et al., 2012).
Próteses fixas adesivas constituem uma solução prática para os casos de perda precoce de dentes decíduos anteriores por preencherem os requisitos estéticos e funcionais da criança e por serem de fácil execução e baixo custo. Porém, não se trata de substituir as próteses removíveis fixas convencionais ou com encaixe, mas lançar mão de uma alternativa que pode facilitar e viabilizar reabilitações de dentes perdidos precocemente (GONÇALVES et al., 2013).
Este caso clínico teve como objetivo a confecção de uma prótese parcial fixa modificada em uma criança de três anos de idade, que sofreu perda precoce dos incisivos centrais decíduos em consequência de um trauma.