Resumo
O fibroma cemento ossificante (FCO) foi classificado como uma lesão fibro óssea benigna, caracterizada por uma variável estroma celular fibroblástico, com variáveis quantidades de matriz, ora se assemelhando a trabéculas ósseas com inclusão celular, ora se assemelhando a cemento, mais arredondado e sem células (OMS, 1971). Em 20005, foi reclassificado como fibroma ossificante (FO) em virtude da incerteza da real produção de cemento em alguns casos. Em 2017, ele foi incluído na nova classificação de tumores odontogênicos, entrando no capitulo de tumores mesenquimais benignos, sob o nome de fibroma cemento-ossificante (FCO). Dessa maneira, pretendeu-se distingui-lo do fibroma ossificante juvenil (FOJ), discutido no capítulo de lesões fibro-ósseas benignas no grupo de fibromas ossificantes (SOLUK-TEKKEŞİN; WRIGHT, 2017; EI- NAGGAR AK et al., 2017; WRIGHT; VERED, 2017).
Em todos esses anos a terminologia portanto tem sido muito variada, sendo conhecido pelos termos fibroma cementificante, cemento-ossificante, fibro-osteoma, osteofibroma, lesão benigna fibro-óssea originada do ligamento periodontal, periodontoma benigno, na maxila e/ou mandíbula (MONTGOMERY, 1927).
O FCO é uma doença rara, caracterizada pela substituição do osso normal por tecido fibroso e produtos calcificados recém-formados como osso, cemento ou ambos. O fibroma e o FCO representam dois extremos de um processo que histologicamente contêm osso e cemento. No entanto, o termo FCO é justificado com base na correlação clínico-radiológica (KHAN et al., 2011; MITHRA et al., 2012).
Histologicamente o FCO pertencente à mesma categoria da displasia fibrosa, do fibroma ossificante e das displasias cemento ósseas e não são facilmente de serem diferenciados. (KHAN et al., 2011).
Um diagnóstico definitivo geralmente é estabelecido com base na correlação entre os achados clínicos, radiológicos e histológicos (MITHRA et al., 2012; KHAN et al., 2011).
Clinicamente o FCO se mostra benigno, de crescimento lento, indolor, monostótico e encontrado por volta da terceira e quarta década de vida na região posterior na mandíbula. (MITHRA et al., 2012). Mais frequente em mulheres. (KHAN et al., 2011).
Pode ter crescimento progressivo, e a lesão pode atingir um grande tamanho se não for tratada, causando uma deformidade (RAM et al., 2012). Os locais mais comuns são nas áreas da mandíbula, principalmente na área de pré-molar e molar inferior (70-80%), no ramo mandibular e na região posterior da maxila (22%). O tamanho da lesão pode ser de 0.2 a 15cm (SULEMAN et al., 2011).
Radiograficamente, ao contrário da displasia fibrosa, a lesão muitas vezes aparece como uma imagem bem definida em exames radiográficos. Nos estágios iniciais, a lesão apresenta-se como áreas radiolúcidas em que densidades ósseas aparecem ao longo do tempo. Em um estágio avançado, a lesão apresenta uma imagem de uma massa radiopaca bem delimitada por um halo radiolúcido, onde o tecido periférico continua menos ossificado. (MITHRA et al., 2012).
Enquanto o crescimento da displasia fibrosa tende a estacionar em uma certa idade, o FOC continua a se desenvolver até sua ressecção (KHAN et al., 2011).
Já o fibroma ossificante juvenil (FOJ) é a outra categoria de Fibroma Ossificante, considerado mais agressivo e não considerado tumor odontogênico como o FCO. Ocorre nas primeiras décadas de vida, com aspectos radiográficos semelhantes ao FCO. Apresenta rápido crescimento e é encontrado mais em meninos por volta dos 15 anos de idade. Tradicionalmente o tratamento inicial é a enucleação cirúrgica, e a ressecção cirúrgica definitiva é reservada para doenças recorrentes (MITRA et al., 2012; SUAREZ et al., 2013). Afeta pacientes com idade entre 5-15 anos, com uma tendência a provocar erosões em ossos perféricos ao redor, incluindo invasão e destruição de estruturas anatômicas adjacentes (MOHAN et al ., 2013).
O tratamento do FCO é feito por meio de enucleação cirúrgica das lesões e curetagem do leito ósseo (SUAREZ et al., 2013; KHAN et al., 2011). O prognóstico é muito bom, e a recorrência após sua remoção é raramente encontrada, ao contrário do FOJ. Foi observado que o tempo de recorrência era imprevisível, variando de 6 meses a 7 anos após a cirurgia. Portanto, deve-se ter um acompanhamento de pelo menos 10 anos, com monitoramento clínico e radiográfico (LIU et al., 2010).