Resumo
A harmonização do sorriso tem sido cada vez mais exigida pelos pacientes. Em suma, o alto nível de exigência estética dos pacientes impulsiona cada vez mais os profissionais a buscarem novas técnicas e produtos que supram ou equilibrem o desejo estético sem necessariamente onerar em demasia o tratamento odontológico.
Em uma reabilitação a estética das próteses e restaurações devem se embasar nos princípios de oclusão para evitar iatrogenias ao sistema estomatognático (GRAY, 1993). A partir daí, quando indicado, a reabilitação dos dentes anteriores é cogitada seja como um determinante anatômico, de modo a proporcionar suporte labial, assumindo um papel fundamental na estética do sorriso, seja participando ativamente na fonética e mecânica do sistema estomatognático (NEVES; MENDONÇA; FERNANDES, 2004).
O tratamento odontológico pode gerar mudanças no esquema oclusal do paciente. O sucesso ou falha de qualquer tratamento oclusal depende de uma guia anterior correta, sendo, por sua vez, essencial para estabelecer um padrão oclusal, além de exercer papel de proteção do sistema estomatognático (THORNTON, 1990). Fisiologicamente a guia anterior funciona como um programador oclusal, no qual o estímulo proprioceptivo gerado pelo contato dentário destes dentes é propagado por meio das vias aferentes até o Gerador de Padrão Central (GPC) no tronco encefálico, responsável pelo controle muscular, com consequente influência no posicionamento da mandíbula e do condicionamento dos movimentos, que uma vez aprendidos são feitos de forma inconsciente (OKESON, 2017).
Partindo do princípio da oclusão mutuamente protegida, elaborado por Stuart & Stallard, os dentes anteriores protegem os dentes posteriores durante os movimentos excêntricos da mandíbula impedindo a incidência de forças laterais sobre estes. Quando indicado, reabilitá-los se torna imprescindível para o funcionamento adequado do sistema estomatognático e cabe ao cirurgião-dentista identificar essa necessidade e optar pelo material que melhor se adeque ao caso.
A odontologia dispõe de vários materiais restauradores estéticos, como as cerâmicas feldspáticas, dissílicato de lítio, e mais recente as zircônias, fabricadas em alta translucidez, que já são indicadas para utilização em dentes anteriores (HARADA et al., 2016).
As resinas compostas evoluíram bastante nos últimos anos e a sua escolha como material restaurador reflete uma abordagem de tratamento minimamente invasivo, respeitando e mantendo tecido dental sadio (STAEHLE; WOLFF; FRESE, 2015). A partir do uso de microrretenções mecânicas em estruturas dentais preparadas com tratamento ácido, uma evolução crescente foi presenciada nas possibilidades clínicas desses materiais (TORRES et al., 2017). É um conceito que tem revolucionado a prática clínica, acrescentando melhorias nas opções de tratamento oferecidas ao paciente. Hoje, existem no mercado vários tipos de resinas como as macroparticuladas, microparticuladas, híbridas, micro-híbridas e nano-híbridas ou nanoparticuladas. As melhorias na composição da resina se apresentam não só quanto às características mecânicas como também nas ópticas (NAHSAN et al., 2012).
Diante dessas variedades, cabe ao cirurgiã-dentista dominar as técnicas de uso e saber indicá-las para cada caso específico com o intuito de se obter um bom prognóstico.
O uso adequado da resina composta pode gerar resultados previsíveis na confecção de restaurações anteriores, possibilitando restaurar forma e função da estrutura dentária conferindo as características estéticas de cor, translucidez e opacidade às restaurações (DEMARCO et al., 2015). Essas características das resinas atuais permitem sua indicação para harmonizar a estética dos dentes anteriores, podendo inclusive compor uma reabilitação sem comprometer o resultado final.
Este capítulo tem como objetivo mostrar a possibilidade de harmonização do sorriso com diferentes materiais restauradores, tais como resinas compostas e cerâmicas em uma mesma reabilitação oral.