Resumo
A instalação de implante dental em áreas estéticas para a substituição de dentes perdidos, extraídos ou ausentes, principalmente anteriores e unitários, exige a utilização de técnicas e materiais diferenciados quando a estética é desejada.
Inicialmente, os problemas estéticos em restaurações sobre implantes foram atribuídos à posição do implante, que poderia comprometer o resultado final do caso clínico (Bottino et al., 2006), deixando em segundo plano os materiais utilizados para a confecção dos pilares protéticos e das restaurações propriamente ditas.
Com o estabelecimento dos tratamentos com implantes osseointegrados, muitos autores passaram a focar nas questões estéticas, tanto em relação ao avanço das técnicas, quanto aos materiais utilizados em restaurações sobre implantes.
A área anterossuperior, quando reabilitada por próteses implantossuportadas, apresenta grande dificuldade de resolução estética quando reabilitamos um único elemento dental, pois possibilita a comparação direta entre o dente natural e o dente reposto.
Um inconveniente para a reabilitação protética com implantes utilizando pilares convencionais em titânio na região supracitada é a presença de pouca espessura dos tecidos moles e/ou recessões gengivais, o que pode incorrer em uma restauração com aparência desagradável (Schiroli, 2004; Aramouni et al., 2008.; CHRISTENSEN, 2008, GAMBORENA; BLATZ, 2015), com risco de aparecimento de halo escuro visível na região cervical, devido à cor metálica do pilar, impedindo a difusão e reflexão da luz (YILDRIM et al., 2000). Assim, para reabilitar o paciente funcional e esteticamente, deve-se observar a estética branca (dentes) e a vermelha (gengiva).
O surgimento de pilares estéticos veio preencher uma lacuna deixada pelos pilares metálicos, em casos em que o paciente possua uma gengiva muito delgada e que a estética vermelha possa ficar prejudicada (SUNDH; JÖGREN, 2008).
Muitos problemas estéticos, relacionados à reabilitação da região anterior com implantes, têm sido solucionados por meio da utilização de coroas livres de metal associadas a pilares cerâmicos (Bonnard et al., 2001; Daguano et al., 2006), especialmente desenvolvidos para esse fim.
Bressan et al. (2010) analisaram, por meio de espectofotometria digital, a influência do material do pilar na cor do tecido mole peri-implantar. Coroas definitivas foram confeccionadas sobre pilares em ouro, titânio e zircônia. Em todos os pilares utilizados, a cor do tecido peri-implantar estava diferente do dente contralateral, principalmente quando foram utilizados os pilares metálicos.
Outro fator de grande importância é a composição do pilar intermediário, que parece influenciar bastante na formação e aderência epitelial na região onde o pilar se conecta com o implante. Num estudo realizado com cães (ABRAHAMSSON et al., 1996), verificou-se que os pilares cerâmicos de Alumina permitem a formação e aderência de tecido epitelial e conjuntivo em torno de 1,5 a 2,0 mm de altura, entre o nível ósseo e a mucosa peri-implantar. A camada superfícial das cerâmicas é quimicamente estável, resistente à corrosão e, portanto, permite que as células se desenvolvam sobre ela.
Van Brakel et al. (2010), compararam a colonização bacteriana inicial e a saúde do tecido peri-implantar adjacente às superfícies de pilares de zircônia (ZrO2) e pilares de titânio (Ti). Observou-se uma menor profundidade de sondagem ao redor dos pilares de zircônia no controle de três meses.
A proposta do presente trabalho foi avaliar, por meio de revisão da literatura, e ilustrar, por meio de um caso clínico, sistemas de materiais restauradores, livres de metal, utilizados em restaurações unitárias sobre implantes em regiões estéticas.