Resumo
A população no Brasil vem envelhecendo e o avanço técnico-científico da Odontologia, em especial no campo da reabilitação bucal aumentou, a promoção da harmonia facial de uma forma plena com os implantes osseointegráveis. Outrora, as próteses totais e as parciais eram as únicas opções para a reabilitação do edentulismo (FAVERANI et al., 2011). Neste sentido, o sucesso muito próximo de 100% dos implantes osseointegráveis é alcançado, seguindo diversos princípios cirúrgicos e técnicos até a instalação das próteses implantossuportadas ou implantorretidas. Características como a meticulosidade por parte do cirurgião e os aspectos microestruturais do implante de titânio são fatores essenciais para a obtenção da osseointegração (BRÄNEMARK et al., 1969; BRÄNEMARK et al., 1977; BRÄNEMARK, 1983).
Um outro ponto importante nas reabilitações é a estabilidade peri-implantar que segundo MANZZOTTI et al. (2018) as alterações dos tecidos moles que circundam o implante podem sofrer alterações causadas por diversos fatores como o biotipo do tecido gengival, as espessuras desse tecido, a queratinização inadequada, contratura muscular na região e patologias.
O termo “displasia fibrosa” foi proposto pela primeira vez por Lichteinstein, em 1938, para relatar formas múltiplas da osteíte fibrosa disseminada (WALDRON, 1985).
A displasia fibrosa é uma alteração fibro-óssea benigna e está classificada dentro do grupo das lesões fibro-ósseas que constituem um grupo heterogêneo de lesões, processos displásicos, reativos e neoplásicos (CHEN et al., 2002). A displasia fibrosa é uma condição esporádica que resulta de uma mutação pós-zigótica no gene GNAS1 (proteína ligada ao nucleotídeo guanina, α-estimulante da atividade do polipeptídeo 1). Presumivelmente, a severidade clínica da condição depende do momento durante a vida fetal ou pós-natal em que a mutação do GNAS1 acontece (WALDRON, 2004).
Clinicamente a displasia fibrosa é classificada em monostótica ou poliostótica, sendo que a primeira é focal, limitada a um único osso, e a segunda, multifocal, envolvendo vários ossos simultaneamente (SIMON et al., 1999). A forma monostótica é a mais comum nos ossos da face, principalmente na maxila. A forma poliostótica é rara, envolvendo com maior frequência os ossos longos, possuindo duas variantes: a síndrome de Lichtenstein-Jaffe, que apresenta, clinicamente, manchas cutâneas com coloração café com leite, e a síndrome de McCune-Albright, representada pela tríade: displasia fibrosa poliostótica, pigmentação café com leite na pele e alguma endocrinopatia (puberdade precoce, hipertireoidismo, hiperadrenocortisolismo, acromegalia ou hipofosfatemia), com maior incidência no sexo feminino (AKINTOYE et al., 2004). A displasia fibrosa pode ser avaliada pela radiografia convencional, cintilografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada (TC), embora a TC seja considerada o exame de escolha na avaliação das lesões craniofaciais. Para a avaliação da displasia fibrosa, a TC tem sido muito utilizada, pois demonstra, com maior exatidão, a extensão e a radiodensidade da lesão, além de ser de fundamental importância no planejamento cirúrgico, quando necessário (SANTOS et al., 2010).
Radiograficamente a imagem da displasia fibrosa pode alterar dependendo do estágio de desenvolvimento da lesão e da proporção de tecido fibroso e calcificado. Os exames radiográficos mostram que as lesões se tornam mais calcificadas com o aumento da idade do paciente. Podemos encontrar desde uma imagem radiolúcida unilocular ou multilocular até uma imagem radiopaca. As margens da lesão se apresentam mal definidas e pouco precisas, unindo-se ao tecido ósseo sadio adjacente. O aspecto clássico da imagem radiográfica da displasia fibrosa é de um vidro fosco despolido (PAGOTTO; MARIANI, 2009).
Histologicamente é uma lesão formada por quantidades variáveis de tecido conjuntivo fibroso e trabéculas ósseas neoformadas. Lesões jovens apresentam tecido conjuntivo altamente vascularizado, e lesões avançadas normalmente apresentam hipovascularização. As trabéculas ósseas não estão conectadas umas às outras e frequentemente assumem formas curvilíneas semelhantes à letra C ou formas mais variáveis, lembrando escrita chinesa (PAGOTTO; MARIANI, 2009).
Clinicamente a displasia fibrosa apresenta as seguintes características: aumento de volume de crescimento lento com abaulamento da região envolvida e assimetria facial (quando de grandes proporções). A mucosa que recobre a lesão mostra-se de aspecto normal. É indolor na grande maioria dos casos e, às vezes, provoca inclinação e deslocamento dental, mas estes não chegam a apresentar mobilidade e permanecem com sua vitalidade pulpar (WALDRON, 2004).