Resumo
Os valores fundamentais na busca universal por excelência e inovação na área de reabilitação oral e recentes investigações científicas em odontologia propiciam melhorias significativas nas técnicas de fabricação de restaurações. Replicar perfeitamente a dentição natural com todas as suas complexidades é o objetivo final de todos nós. Para atingir a excelência, devemos permanecer sempre abertos às novas ideias, experiências, conceitos e métodos que podem elevar a qualidade de nossas aptidões para um nível muito superior.
Tendo em vista a frequente constatação clínica da reprodução protética inadequada da face vestibular dos dentes permanentes, o presente relato de caso clínico teve, como objetivo, avaliar a reconstrução anatômica do perfil de emergência vestibular do primeiro pré-molar superior esquerdo, após confecção, por técnica indireta, da coroa metalocerâmica executada por técnico em prótese dentária.
A correta reconstrução da anatomia dentária é um dos principais objetivos do tratamento restaurador. O restabelecimento da forma e da função do elemento dental possibilita o bom funcionamento das outras estruturas do sistema estomatognático, resultando em saúde e melhora na qualidade de vida do paciente (VASCONCELOS, 2007).
É consagrado o conhecimento de que tratamentos restauradores protéticos e saúde periodontal estão diretamente relacionados. A forma anatômica do dente, se bem reproduzida, facilita a mastigação e a higiene bucal, mantendo a fisiologia do periodonto e propiciando longevidade clínica à restauração. Desta forma, atenção especial deve ser dada à relação entre tratamento restaurador e periodonto, mais especificamente em relação à forma da coroa (VASCONCELOS, 2007).
Há muito tempo se estuda a influência do contorno da coroa dentária protética sobre a saúde periodontal. Ressalta-se que a área da junção entre dente e gengiva, região onde frequentemente ocorre a adaptação das restaurações, é uma área que deve ser especialmente respeitada quando da execução de trabalhos próximos a ela. Muitas vezes, a reprodução inadequada do contorno dentário acarreta danos ao periodonto, além de comprometimento estético. (MARTIGNONI & SCHöNERBERG, 2001).
Existe uma relação direta entre o formato da coroa protética e controle do biofilme dentário (WAGMAN, 1977). Grandes concavidades ou convexidades devem ser evitadas na reconstrução dos elementos dentários, possibilitando que lábios, bochechas e língua possam, por meio do atrito, promover a limpeza da superfície dos dentes. Adicionalmente, subcontorno e sobrecontorno das coroas protéticas podem acarretar inflamação gengival, já que dificultam a higienização, propiciando o acúmulo de biofilme (JAMESON; MALONE, 1982).
O perfil de emergência, região próxima à junção amelo-cementária, é uma característica anatômica relevante, fisiológica e, esteticamente, nas reconstruções dentárias, sendo fundamental na saúde periodontal, pois é frequentemente colonizada por microrganismos causadores de patologias periodontais (CROLL,1989).