Resumo
o ser planejado o tratamento restaurador protético, deve-se respeitar todas as etapas exigidas, pois do contrário haverá um grande risco de insucesso. Para a confecção, instalação e êxito de uma prótese parcial removÃvel, diversas disciplinas clÃnicas e abordagens deverão ser respeitadas. Desta maneira, a preparação da cavidade bucal irá permitir o funcionamento harmônico entre as estruturas mecânicas da peça protética e sistema estomatognático.
Nesse sentido, a queixa principal do paciente nem sempre pode ser atendida imediatamente. A presença de lesões em tecidos moles, perdas múltiplas de dentes, associadas à falta de alinhamento e nivelamento dentário, podem conduzir a uma abordagem multidisciplinar para se conquistar a eficácia na finalização do tratamento.
O dentista que apresenta conhecimentos diversificados de especialidades odontológicas pode alcançar resultados mais favoráveis na clÃnica diária. Caso a necessidade terapêutica exija a participação de outros profissionais para a harmonização entre as diversas áreas, é importante que haja coordenação, comunicação e compromisso mútuo, pois desta maneira torna-se possÃvel alcançar o sucesso na reabilitação bucal (PALOMO; PALOMO; BISSADA, 2008).
Ao respeitar o conceito multidisciplinar na preparação da cavidade bucal, a primeira etapa deverá consistir no cuidado com gengivas e mucosas. A estomatite protética é um dos distúrbios comuns que deverá ser tratado tão cedo quanto possÃvel. Esta patologia se caracteriza pela inflamação e eritema das áreas de mucosa oral cobertas pela prótese. Geralmente é assintomática, porém uma minoria dos pacientes relata dor e queimação (GENDREAU; LOEWY, 2011).
A forma mais comum de estomatite protética está associada à candidÃase, sendo que a candida albicans se apresenta como o principal agente etiológico (CHANDRA et al., 2001). Segundo as pesquisas, pelo menos 65% dos pacientes com próteses envelhecidas são portadores desse tipo de lesão (ZANETTI et al., 1996).
Com relação às consequências que esta patologia pode causar, tanto para a prótese bucal, quanto para a saúde, conforto e satisfação do paciente, cabe ressaltar que o biofilme presente na prótese antiga pode colonizar a mucosa oral, assim como a estomatite não tratada pode colonizar a prótese nova (GENDREAU; LOEWY, 2011).
Tanto as peças protéticas devem estar ajustadas e descontaminadas, como os tecidos bucais deverão estar saudáveis (SALERNO et al., 2011). Desta forma, se o dentista der continuidade ao tratamento restaurador e desconsiderar a presença da patologia, pode ser responsabilizado por causar o comprometimento no resultado da reabilitação.
Com relação a avaliação clÃnica das arcadas, a perda de múltiplos dentes associados à falta de alinhamento e nivelamento dentário, pode exigir intervenções ortodônticas associadas ao tratamento protético, representando outra etapa da abordagem multidisciplinar prévia (MEHRA et al., 2020).
Entre as alterações ortodônticas diagnosticadas, a mordida cruzada está frequentemente presente. Ela pode ser descrita como a relação vestÃbulo lingual anormal entre um ou mais dentes superiores e inferiores que se encontram com a oclusão invertida, responsável por comprometer o eixo de inserção da prótese e sua adaptação (BAYRAK; TUNC, 2008).
Ainda em relação às alterações ortodônticas mais frequentes, a incidência de forças mastigatórias em dentes desfavoravelmente inclinados pode levar à perda óssea, gerando uma falsa bolsa periodontal, mesmo em uma dentição livre de infecção. O acúmulo de bactérias nesta região pode evoluir para a doença do periodonto, culminando na necessidade de tratamento periodontal para evitar problemas futuros (VALVERDE; TALAVER, 2005).
A associação da ortodontia com o tratamento restaurador protético auxilia na criação do correto eixo de inserção da peça, mantém a integridade periodontal dos dentes que receberão os aparatos protéticos, além de corrigir espaçamentos dentários excessivos, como os diastemas, que além de prejudicarem a adaptação da prótese, também comprometem a estética do sorriso (PINHO; NEVES; ALVES, 2012)
Desta forma, a integração de especialidades como Estomatologia, Periodontia e Ortodontia podem se apresentar indispensável ao tratamento pré-protético, possibilitando melhores condições de utilização das próteses dentárias, eliminando possÃveis transtornos futuros (SPEZZIA, 2020).