Resumo
Os traumatismos dentários são considerados um grave problema de saúde pública no mundo inteiro em decorrência de sua alta prevalência. Além disso, de acordo com a severidade do caso podem causar impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo e problemas de ordem estética e funcional (MESQUITA et al., 2017). Podem ocorrer em qualquer faixa etária, no entanto crianças na idade pré-escolar e escolar estão mais predispostas aos acidentes em decorrência da fase de desenvolvimento que se encontram. Nos primeiros anos (1 a 3 anos) as crianças não possuem uma coordenação motora bem desenvolvida, possuem pouco reflexo de proteção, além de pouco equilíbrio e é exatamente nesse momento que elas começam a andar e a correr (GONDIM et al ,2011). No Brasil 30% das crianças menores de oito anos sofrem algum tipo de traumatismo dentário (KRAMER et al., 2003; SOARES et al., 2018), são o segundo motivo de consulta de urgência nos postos de saúde, cerca de 28,1% dos casos, tendo como causa mais frequentes, as quedas da própria altura, seguida das quedas de bicicletas (ANTUNES et al., 2017). Traumatismos em dentes decíduos podem deixar sérias sequelas nos dentes permanentes, devido à posição que eles ocupam em relação aos germes dos permanentes. Quanto mais jovem for a criança, mais grave pode ser a sequela, considerando-se o período dos 4 meses até os 4 anos de vida como o mais crítico (GONDIM et al., 2011). Uma dessas sequelas é a dilaceração coronária definida como o deslocamento da porção da coroa em desenvolvimento, em um ângulo, em relação ao eixo longitudinal do dente. (AMORIM; ESTRELA;COSTA, 2011). Estudos relatam que as dilacerações coronárias são raras, correspondem a apenas 3 – 9% de todas as sequelas sendo as avulsões e as intrusões os tipos de traumatismos que provocam essas sequelas com maior gravidade (BOLHARI et al., 2016; ALLWANI et al., 2017). Cerca de 74% dos casos de intrusão ou avulsão levam a algum tipo de anomalia coronária. As dilacerações coronárias com angulações palatais da coroa ocorrem mais frequentemente na maxila, portanto nos incisivos superiores, enquanto que as angulações linguais são mais comuns nos incisivos inferiores (MELLARA et al., 2012). O tratamento das dilacerações dos dentes pode envolver a atuação de outras especialidades, tais como a endodontia, ortodontia, dentística e prótese dentária. O presente trabalho relata um caso raro de dilaceração coronária de dois incisivos inferiores, resultantes da avulsão dos dentes antecessores e a descrição do tratamento realizado.