Resumo
A reabilitação de pacientes desdentados por meio de próteses dentárias auxilia na recuperação e equilíbrio neuromuscular do sistema estomatognático, de modo que suas funções sejam recuperadas e que o bem-estar físico, mental e social do paciente seja alcançado (BERNARDO et al., 2015).
No entanto, a Prótese Total convencional é uma prótese mucosossuportada, a qual toda a carga da mastigação e deglutição é transmitida aos tecidos de suporte (osso e mucosa de revestimento), e as consequências podem ser de grandes reabsorções ósseas, hiperplasias e flacidez, que dificultam o planejamento, a estabilidade e a retenção de novas próteses.
O sucesso das próteses totais relaciona-se, fundamentalmente, com o aproveitamento total da área basal, com a adaptação adequada das bases a essa área e das bordas, fornecendo, com isso, um correto suporte e retenção a essas próteses.
Há uma relação de proporcionalidade direta entre a quantidade de força mastigatória capaz de suportar uma prótese e o tamanho da zona de suporte. Portanto, é relevante a análise e registro adequado das estruturas de suporte, tanto em repouso quanto em função, visando a correta determinação da extensão da prótese (GOIATO; SANTOS; SILVA, 2013).
A determinação da extensão da prótese, por sua vez, está diretamente associada à retenção e estabilidade da prótese total (dentaduras completas). A adequada retenção pode ser obtida por meio do completo envolvimento da área basal, mas se não houver adequada distribuição de forças sobre a prótese, haverá desequilíbrio desta e comprometimento da retenção e estabilidade (GOIATO; SANTOS; SILVA, 2013).
Segundo Reis et al. (2007), o termo “moldagem” pode ser definido como o ato de reproduzir em negativo os detalhes anatômicos e o contorno da área basal, por meio da ação dinâmica das estruturas relacionadas com a prótese.
A moldagem funcional consiste no selamento periférico e na moldagem funcional propriamente dita para reproduzir os tecidos por toda a área basal e determinar a extensão da prótese total. Esse procedimento permite a estabilidade e retenção da futura prótese por meio de um selamento em toda a periferia da prótese, promovendo o mínimo de espaço possível entre a prótese e a mucosa, uma menor pressão atmosférica, contribuindo para a sua retenção. Com isso, reduz a interposição de alimentos entre a prótese e a mucosa, promovendo um bom assentamento desta sobre a área basal, trazendo o conforto e segurança ao paciente.
A retenção deve ser obtida já durante os procedimentos de moldagem, utilizando materiais e métodos adequados ao grau de resiliência da mucosa de revestimento da área basal, à tonicidade das inserções musculares e à definição do selado posterior. Segundo Tamaki (1983), a retenção e a estabilidade das próteses totais propiciam maior eficiência mastigatória e são preocupações constantes dos protesistas. E que a obtenção destas depende de variáveis, tais como: escolha da técnica e material de moldagem adequados, forma, tamanho, altura do rebordo alveolar e o tipo da mucosa de revestimento.
Para Marchezan et al. (2005), a fase da moldagem envolve uma série de manobras clínicas onde lançamos mão de diferentes instrumentos, materiais e técnicas. No paciente desdentado, a resiliência dos tecidos a serem moldados, as características físicas dos materiais de moldagem, bem como a técnica de moldagem, vão ter influência na qualidade final do molde e, por consequência, da prótese.
Uma moldeira individual deve ter uma adequada extensão, abranger toda a área basal, estabilidade, alívios, facilidade de modificação, compatibilidade ao material de moldagem, rigidez e conforto na cavidade bucal, então nada melhor do que termos como moldeira individual uma cópia da prótese total do paciente que já está reembasada e adaptada na cavidade oral.
Muitos materiais têm sido descritos para a moldagem funcional de arcos desdentados, porém, todos possuem vantagens e desvantagens que devem ser analisadas como um todo, a fim de poderem ser eleitas para este fim. De forma geral, a maioria dos profissionais utiliza-se da pasta de óxido de zinco e eugenol, a qual, apesar de ser um material de ótimo escoamento, boa estabilidade dimensional e permitir reparos, apresenta dificuldade no que se refere à manipulação e à limpeza de instrumental e do próprio paciente (ULBRICH; FRANCO, 2004).
Além do que uma boa moldagem funcional precisa gerar, um molde que apresente a abertura de bridas e frênulos fazendo com que o material de moldagem promova o correto recorte da prótese respeitando a sua motricidade (CASTRO; GOMES, 2015).
O objetivo deste trabalho é demonstrar uma moldagem funcional de uma Prótese Total superior denominada moldagem Mioestabilizada. Essa técnica se baseia em utilizar uma cópia da prótese antiga como uma moldeira individual dentada (clone). Essa técnica é realizada de boca fechada, mas como o paciente no momento não tinha antagonista, foi realizada de boca aberta.