Resumo
A literatura relata a busca do cirurgião-dentista por materiais que sejam capazes de mimetizar a estrutura dental. Em 1955, com os experimentos de Buonocore sobre o condicionamento ácido, viu-se que era possível ter adesão de materiais restauradores à superfície dentária (BUONOCORE, 1955). Essa descoberta alavancou a odontologia restauradora em seus diversos materiais adesivos.
Com o desenvolvimento de novos materiais adesivos, novas técnicas surgiram. Técnicas essas que possibilitam a obtenção de tratamentos estéticos com um mínimo ou nenhum desgaste da estrutura dentária, visto que a união do material restaurador ao dente se dá por meio da adesão (SILVA et al., 2012).
Esses preparos conservadores ou minimamente invasivos estão diretamente ligados às ótimas propriedades físicas e mecânicas dos materiais utilizados (CALMAIA; CALAMIA, 2007; SILAMI et al., 2016).
Dentre os novos materiais restauradores está o sistema cerâmico. As cerâmicas são materiais biocompatíveis que possuem grande resistência ao desgaste, ótima estabilidade de cor e excelente estética. Na atualidade é o principal material restaurador utilizado na confecção de restaurações indiretas: inlay, onlay, coroas totais, fragmentos, facetas e laminados cerâmicos (DEMARCO et al., 2015; GUREL et al., 2013).
Como desvantagens podemos citar: fragilidade no manuseio da peça, dentes escurecidos (dificultando a restauração) que em alguns casos a técnica não é indicada, dentes com apinhamento extremo, após a cimentação seu reparo é mínimo, não altera a cor significativamente, depende totalmente da habilidade do profissional em todas as fases, os provisórios devem ser bem executados por serem cimentados em região estética, dentes que precisam de preparos ou até mesmo possível desgaste do antagonista (MACHRY, 2003), além do alto custo, sendo esse último o principal fator para a escolha de outros materiais restauradores (ANUSAVICE, 2012; RASHID et al., 2016).
Os laminados cerâmicos descritos por Charles Pincus, em 1938, era inicialmente um meio provisório de proporcionar uma melhor estética aos sorrisos na indústria cinematográfica. No entanto, em 1980 deu-se início aos protocolos de tratamentos da superfície cerâmica e juntamente com condicionamento do esmalte tornou-se possível a execução de laminados cerâmicos como tratamento definitivo (PINCUS, 1947; STRASSLER; WEINER, 1998).
Dos diversos tratamentos estéticos existentes, as facetas do tipo lentes de contato se sobressaem. As mesmas são delineadas como lâminas cerâmicas que são cimentadas sobre estrutura dentária com pouco ou nem um desgaste, unidas fortemente ao esmalte dental (CARDOSO et al., 2012).
Os laminados cerâmicos têm como indicação dentes com alteração de cor, forma, como dentes conoides, correção do comprimento, alteração na textura da superfície, fechar ou reduzir diastemas, alinhar um ou mais dentes, reparar dentes fraturados, tratados endodonticamente, hipoplasias de esmalte, fluorose ou amelogênese imperfeita ou até mesmo dentes que não obtiveram uma boa resposta no clareamento dental (DECURCIO et al., 2016).
Para reabilitar um paciente com laminados e/ou facetas cerâmicas é necessário um planejamento adequado, com uma avaliação cuidadosa e minuciosa quanto à estabilidade oclusal, guias de desoclusão, presença de sinais patológicos de parafunção, angulação do elemento e alteração de cor e forma.
É necessário conhecer e entender as propriedades dos materiais e suas formas de uso, monitorar as etapas clínicas e ter uma comunicação clara, precisa e rica em detalhes com o seu protético, oferecendo condições de excelência para que facilite a fase laboratorial no processo reabilitador (BARATIERI et al., 2002).
Vale citar a sensibilidade da técnica de cimentação. Esta deve ser feita de forma criteriosa e cuidadosa, respeitando tanto o tratamento da estrutura dentária quanto da superfície interna da faceta, assegurando uma correta adesão e consequente união entre as partes, dito que durante os preparos não é realizado nenhum tipo de retenção. Seguir um protocolo de cimentação adequado influi diretamente na duração dessas peças em boca (DECURCIO et al., 2016).