Resumo
A crescente gama de informações e a valorização dos conceitos de prevenção em saúde bucal, aliadas à evolução nos tratamentos odontológicos, estão possibilitando uma maior longevidade na manutenção dos elementos dentários na cavidade bucal (TERENZI et al., 2016).
A saúde do sistema mastigatório está intimamente relacionada com a dimensão vertical de oclusão. Qualquer alteração radical da dimensão vertical da oclusão é potencialmente prejudicial para o sistema mastigatório (DUA; SINGH; AGHI, 2011).
Sabendo-se que a erosão dentária é causada por uma variedade e combinação de fatores, é essencial que o cirurgião-dentista esteja apto a detectar as alterações decorrentes do constante contato da cavidade bucal com os ácidos extrínsecos e intrínsecos e reconhecer as lesões de erosão no seu estágio inicial, utilizando-se de uma anamnese detalhada e um criterioso exame clínico (LACERDA et al., 2011; TERENZI et al., 2016).
Esse tipo de lesão é caracterizada pela perda progressiva e não bacteriana de tecidos dentários duros que sofreram ação química de ácidos (TERENZI et al., 2016).
As erosões dentárias produzidas pelo refluxo ácido na doença do refluxo gastroesofágico, usualmente, progridem lentamente ao longo dos anos e frequentemente não são detectadas por paciente, médico ou cirurgião-dentista até os danos serem evidentes, atingindo a dentina e provocando sensibilidade (LACERDA et al., 2011).
Um plano de tratamento restaurador deve ser instituído quando necessário, estimulando o paciente ao tratamento multidisciplinar, em que muitas vezes o cirurgião-dentista necessita de envolvimento médico e psicológico para alteração do hábito nocivo do paciente, a fim de se ter um tratamento restaurador eficaz e duradouro (LACERDA et al., 2011; TERENZI et al., 2016).
A etiologia de desgaste deve ser determinada antes de qualquer intervenção (BARTLETT; SHAH, 2006). Para casos complexos que envolvem a reabilitação estética e funcional, o clínico deve planejar o tratamento de forma diligente, tendo em conta a necessidade de alterar a dimensão vertical e o tipo de oclusão a ser incorporado (DUA; SINGH; AGHI, 2011).
Após a análise funcional e estética, as restaurações de resina composta diretas e coroas metalocerâmicas e cerâmicas são opções para reparar o desgaste dental causado (DIETSCHI; ARGENTE, 2011). O desenvolvimento de técnicas adesivas forneceu abordagens conservadoras para restaurar dentes severamente desgastados pelo uso de resina composta direta e guias de silicone feitos a partir de um modelo encerado. Algumas vantagens da utilização de procedimentos diretos com resina composta incluem o menor tempo dispensado no processo, resultados imediatos, fornecendo boa estética a um baixo custo (MENGATTO; SOUZA; JUNIOR, 2016).
A utilização de placas para o restabelecimento prévio da dimensão vertical possibilita a recuperação definitiva da mesma por meio de restaurações diretas com resinas compostas e coroas metalocerâmica e cerâmica, que são opções para reparar o desgaste dental causado pela parafunção e erosões (RODRIGUES et al., 2010).
A principal vantagem de uma restauração livre de metal é o benefício estético. A coroa de cerâmica livre de metal pode transmitir uma grande quantidade de luz incidente através de um núcleo de cerâmica onde a luz é espalhada de uma forma natural (AGRAWAL; SANKESHWARI; PATTANSHETTI, 2012).
Em relação à escolha de opções de restaurações diretas e indiretas para a reabilitação oral de pacientes, não há consenso na literatura sobre os melhores materiais e técnicas (MENGATTO; SOUZA; JUNIOR, 2016).
Onlays de cerâmica parecem ser ideais para a reconstrução desgastada e corroída dos dentes posteriores, porque elas oferecem interfaces de esmalte que permitem uma preparação particularmente suave da estrutura do dente, não se estendendo para uma região intrasulcular, além do equador protético (MAGNE; BELSER, 2003).
Neste contexto, deve-se ter em mente que a maioria dos estudos clínicos de longo prazo são baseados em cerâmicas de vidro reforçadas por leucita, enquanto que hoje, materiais cerâmicos consideravelmente mais fortes, com base em dissilicato de lítio, estão disponíveis. Eles permitem um método de preparação sem necessidade de uma concepção de retenção, oferecendo uma opção de tratamento adequada para evitar um tratamento invasivo convencional (EDELHOFF et al., 2016).
Em comparação com a cerâmica de silicato convencional, materiais cerâmicos de dissilicato de lítio (IPS e.max Press ou IPS e.max CAD, Ivoclar Vivadent) ofertam melhor resistência à flexão e à fratura. Desde a introdução de dissilicato de lítio, as profundidades de preparação recomendadas para onlays vitrocerâmicos foram reduzidas significativamente. Hoje em dia, uma espessura mínima de 1 mm para oclusal é recomendada para restaurações monolíticas (técnica de coloração) (FRADEANI et al., 2012; MA; GUESS; ZHANG, 2013).
A confecção de guias de silicone sobre o enceramento é essencial para fornecer previsibilidade das restaurações finais para o clínico, servindo como guia para a fabricação de restaurações provisórias (SEOL et al., 2010; SINGH; SINHA, 2014).
Uma boa restauração provisória deve cumprir certos requisitos vitais como a proteção pulpar, função oclusal, integridade marginal, durabilidade estrutural, retenção e estabilidade, estética e higiene (SINGH; SINHA, 2014).
Outro fator importante a ser considerado é a desoclusão dos dentes durante excursões que preservam a integridade de todo o sistema estomatognático, resultando, assim, em uma restauração de longa duração e funcional (AVINASH et al., 2014).