Resumo
Os cistos e tumores odontogênicos constituem um importante aspecto da patologia oral e maxilofacial. Essas enfermidades compreendem dois grupos principais, os de desenvolvimento e os cistos inflamatórios, considerando-se que todos surgem de resíduos epiteliais, oriundos da formação do órgão dentário (NEVILLE et al., 2009).
O cisto dentígero é definido como um cisto de desenvolvimento que se origina pela separação do folículo que fica ao redor da coroa de um dente incluso (NEVILLE et al., 2009).
A ocorrência dos cistos dentígeros na população geral é bastante alta; sua incidência é estimada de 1,44 cistos para cada 100 dentes não erupcionados. (ISAAC et al., 2017).
São encontrados em ampla variação de idade, são descobertos mais frequentemente entre 10 e 30 anos, predileção pelo gênero masculino e maior prevalência em brancos do que negros (NEVILLE et al., 2009).
Geralmente ocorrem na segunda e terceira década de vida, radiograficamente aparecem como lesão radiolúcida unilocular bem delimitada associada à coroa de um dente impactado, geralmente terceiros molares, mas também muitas vezes os caninos superiores, prés-molares e dentes supranumerários (REGEZI, 2000).
Grandes cistos podem causar expansão indolor do osso na área envolvida e também podem resultar em assimetria facial, causando sintomas adicionais e desafiando o tratamento (NEHA KHAMBETE et al., 2012).
As características histopatológicas variam, se o cisto está inflamado ou não. No cisto dentígero não inflamado, a cápsula de tecido conjuntivo fibroso está arranjada frouxamente e contém substância fundamental amorfa composta por glicosaminoglicanos. Pequenas ilhas e cordões de restos epiteliais odontogênicos de aspecto inativo podem estar presentes na cápsula fibrosa. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana. No cisto dentígero inflamado, a cápsula fibrosa é mais colagenizada, com um infiltrado inflamatório crônico variável. O revestimento epitelial pode mostrar quantidades variáveis de hiperplasia com o desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas. Uma superfície ceratinizada pode ser raramente observada. Áreas focais de células mucosas podem ser encontradas no revestimento epitelial dos cistos dentígeros (NEVILLE et al., 2009).
A descompressão, marsupialização e a enucleação são as formas de tratamento mais empregadas, porém alguns critérios importantes devem ser considerados para o plano de tratamento como, tamanho do cisto, idade, proximidade com estruturas anatômicas e importância clínica do dente envolvido (MANDAL, 2012).
O prognóstico para a maioria dos cistos dentígeros é excelente, e raramente nota-se recidiva após a remoção completa do cisto (PETERSON et al., 1996).
O intuito deste trabalho é relatar um caso de um cisto dentígero, no interior do seio maxilar, envolvendo retenção ectópica do elemento dentário 18 causando infecção no interior do seio maxilar direito.